O PT escreveu as mais belas páginas da história recente do Brasil. O que nos trouxe até aqui nos enche de orgulho. Nascido do processo de redemocratização no fim da ditadura militar, o petismo juntou a esperança de brasileiros e brasileiras que queriam se ver representados em um partido com a cara do Brasil e do seu povo e, acima de tudo, que defendesse os interesses da classe trabalhadora. De lá pra cá, foi muito trabalho de construção democrática. Greves, caravanas, mobilizações, programas administrativos, um acúmulo de experiências e uma nova forma de agir e governar. Este PT conquistou a esperança dos brasileiros, que o escolheram para liderar uma aliança que governou o país por 13 anos.
No governo, o PT mudou o Brasil. Chegamos a ser a 6a maior potência econômica do mundo. Tiramos 42 milhões de pessoas da miséria, a fome ficou no passado e a desigualdade caiu substancialmente. Levamos os negros e os pobres para a universidade, a moradia virou um direito de fato, a saúde foi universalizada. Quanto mais o Brasil conheceu o PT, mais confiou nele, e expressou essa confiança em quatro eleições consecutivas para a presidência da República.
Entretanto, a elite nacional e internacional não aceitou mais ver o pobre ter cidadania, entrar na universidade, no avião. E um golpe foi articulado por forças conservadores que ceifou o mandato legítimo da presidenta Dilma e abalou nossa democracia. Depois disso, só retrocessos. A extrema direita se aproveitou de uma eleição fraudulenta, que impediu Lula de se candidatar e o trancafiou numa prisão, aprisionando junto nossa democracia, nossa esperança, prendendo os sonhos de soberania e cidadania de toda uma nação.
Uma perseguição implacável teve início contra o Partido dos Trabalhadores. A mídia corporativa atacando cotidianamente, setores do Judiciário criminalizando injustamente. O que queriam era aniquilar de vez o partido e tudo que ele representa. Mas apesar de todo o ataque, nosso partido resistiu e saiu fortalecido nas eleições do ano passado, com 47 milhões de votos para nosso candidato Fernando Haddad e elegendo a maior bancada de deputados da Câmara Federal, além de governadores, senadores e deputados estaduais Brasil afora.
A farsa do impeachment de Dilma, a injusta prisão de Lula e a eleição de Bolsonaro colocaram fim ao pacto humanista firmado a partir da Constituição de 1988. O país está sendo explorado ferozmente por potências estrangeiras, principalmente os Estados Unidos, que tiram direitos do povo e levam nossas riquezas, como o Petróleo. Na presidência, Jair Bolsonaro comete as maiores atrocidades. A nação está dividida, desesperada, sofrendo as consequências de um projeto de extermínio do povo pobre.
Nosso partido tem que entender que o Brasil mudou muito nos últimos anos, que toda a campanha de difamação contra a nossa imagem surtiu efeito em camadas da sociedade, principalmente em algumas regiões. Agora, o PT tem que enfrentar os novos desafios. Ter a consciência que, para além de pontuais equívocos táticos ou políticos que cometeu, o que fica é um exemplo de amor e compromisso com o Brasil.
Precisamos ultrapassar a polarização que nos é imposta e voltar e dialogar com amplos setores da sociedade. E só teremos essa capacidade se olharmos para frente. Guardar o passado que nos orgulha numa mão e na outra construir uma perspectiva de futuro para o povo brasileiro. Apresentar propostas, projetos para enfrentar os maiores problemas da nação. Manter a combatividade que tem sido demonstrada no último período de resistência, mas não se furtar em mostrar soluções para seguir em frente.
O mesmo desafio temos em Minas, onde enfrentamos recentemente grandes dificuldades para governar um estado que foi sucateado e saqueado por gestões tucanas que nos antecederam. Apesar da situação adversa, existem conquistas relevantes que deixamos na educação, na saúde, na agricultura familiar e em setores sociais que sempre foram nossa prioridade. Agora, o PT é um instrumento de uma oposição responsável contra o governo de Romeu Zema, que defende um estado mínimo e neoliberal. Reforçaremos nossa ação propositiva, defendendo a compensação das perdas ocasionadas pela Lei Kandir que estrangulou as finanças do estado, apresentando propostas para uma reforma tributária e para enfrentar a crise da economia mineira.
Toda essa nossa luta só faz sentido com o envolvimento da militância petista, que é o coração do Partido. Ela nunca se fez tão necessária, pois o Brasil precisa, e muito, do PT. E cada militante está sendo chamado agora a participar do Processo de Eleições Diretas (PED). Já na nossa eleição interna mostramos que não existe partido mais democrático e participativo que o PT. É o momento do reencontro com as bases, quando cada um, com seu voto, define os rumos da nossa organização. E deste PED tem que sair um novo PT. Amparado no seu passado e conectado com o futuro. Um PT que vai nos levar além.
Cristiano Silveira é deputado estadual e vice-presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais