O empresário Ricardo Pernambuco Júnior, da Carioca Engenharia, afirmou, em delação premiada à Procuradoria-Geral da República na Operação Lava Jato, que o presidente da Câmara Eduardo Cunha teria recebido R$ 52 milhões em propinas, feitas em 36 parcelas pelas empresas que fizeram obras no Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. A informação foi publicada pelo jornal “O Estado de S. Paulo”.
Segundo a delação premiada do empresário, 1,5% do valor das Cepacs (Certificados de Potencial de Área Construtiva) era destinado a Cunha. Cepacs são títulos adquiridos que permitem a uma empresa construir acima do definido originalmente pelo zoneamento da região e utilizado em grandes operações urbanas.
Apenas a Carioca Engenharia teria pago R$ 13 milhões de propina ao deputado, em parcelas de R$ 360 mil. Os pagamentos teriam sido feitos entre 2011 e 2014, segundo o delator.
Em 14 páginas, o delator detalhou reuniões e acertos feitos com Eduardo Cunha sobre os pagamentos, já que cada empresa deveria acertar diretamente o pagamento com Cunha. Além disso, expôs tabelas com as parcelas pagas ao deputado.
O maior repasse ocorreu em 26 de agosto de 2013 no valor de US$ 391 mil depositados em conta do peemedebista no banco suíço Julius Baer.
Segundo Júnior, Cunha indicou ao menos duas contas suas no exterior para recebimento das propinas. Na semana passada, o Banco Central pediu que Cunha pagasse uma multa de R$ 1 milhão pelas várias contas que manteve no exterior sem declarar.
Em março de 2015, Cunha mentiu aos outros parlamentares sobre a existência dessas contas na CPI da Petrobras. A omissão gerou um processo no Conselho de Ética para a cassação de seu mandato, mas o parlamentar tem conseguido manobrar as sessões, que já levam ao menos cinco meses.
Cunha ainda é alvo de duas denúncias pela Procuradoria-Geral da República, por corrupção, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e de um inquérito que apura o recebimento de propinas em uma das contas no exterior.
Da Redação da Agência PT de notícias