A Central Única dos Trabalhadores (CUT) continua empenhada na luta pela retomada do pagamento do auxílio emergencial de R$ 600,00 e na mobilização nacional em protesto pela aprovação dos novos valores de R$ 150,00 e R$ 250,00 propostos pelo governo de Jair Bolsonaro.
Com o fim do pagamento do auxílio de R$ 600,00 – R$1.200,0 em dezembro, a extrema pobreza no país já atingiu quase 27 milhões de pessoas, o equivalente a 12,8% da população brasileira, já em janeiro deste ano, conforme levantamento da Fundação Getúlio Vargas baseado em dados das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (Pnads) Contínua e Covid-19.
Apesar da gravidade do problema e com tantos brasileiros expostos à fome e à miséria e ao invés de combater a pandemia e contribuir para o isolamento social, o governo Bolsonaro levou quase quatro meses para viabilizar um novo benefício. Desta vez com valores tão irrisórios que não garantem o sustento de uma só pessoa e muito menos de uma família em situação de vulnerabilidade.
Para o vice-presidente da CUT, Vagner Freitas, a proposta do governo de “pagar menos da metade do antigo auxílio e ainda retirar recursos da saúde e da educação e impor novas regras fiscais demonstram que Bolsonaro não tem compromisso com a vida do povo brasileiro”.
”A proposta da CUT é para que o trabalhador fique em casa e não trabalhe. Não é para o bancário em home office tentar vender produtos do banco. É para o trabalhador cobrar a vacina, um auxílio decente, por que este governo não garante a sua vida. A ideia não é ficar em casa passando fome e trabalhando, é cada um à sua maneira pressionar o governo, cobrar dos seus deputados. É dia de reflexão e luta pela vida – Vagner Freitas
“É esta perversidade que deve ser combatida e por isso a CUT mantém a sua defesa por um auxílio de R$ 600. O governo Bolsonaro não tem compromisso com os pobres, o seu compromisso é manter a fortuna dos ricos”, afirma o dirigente cutista.
Diante da falta de capacidade de Jair Bolsonaro para conduzir o país no momento mais grave da pandemia e da crise econômica, a CUT e demais entidades sindicais promovem no próximo dia 24 de março o Lockdown no Dia Nacional de Luta em Defesa da Vida; da Vacina; do Emprego e do Auxílio Emergencial de R$ 600.
O vice-presidente da CUT, Vagner Freitas, explica o objetivo da mobilização nacional encabeçada pela Central. ”A proposta da CUT é para que o trabalhador fique em casa e não trabalhe. Não é para o bancário em home office tentar vender produtos do banco. É para o trabalhador cobrar a vacina, um auxílio decente, por que este governo não garante a sua vida. A ideia não é ficar em casa passando fome e trabalhando, é cada um à sua maneira pressionar o governo, cobrar dos seus deputados. É dia de reflexão e luta pela vida”, afirma o dirigente.
“É o momento de cobrar os governantes porque enquanto o Legislativo e o Executivo brigam, quem morre é o povo. Por isso, é preciso lutar pela vacina, pelo auxílio, pela vida”, enfatiza.
Insegurança alimentar e exclusão social
Sobre o novo auxílio emergencial, a previsão é que sejam feitos quatro pagamentos de R$ 150 para famílias com uma só pessoa, cerca de 20 milhões de beneficiados. Outras quatro parcelas de R$ 250 deverão ser pagas a 16,7 milhões de beneficiários que moram com outras pessoas no domicílio, e R$ 375 para 9,7 milhões de mães que sustentam sozinhas seus filhos.
O novo auxílio ainda deixará de fora mais de 28 milhões de desempregados e informais que receberam o benefício no ano passado o benefício.
De acordo com levantamento mensal feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), os R$ 150 só compram 23% da cesta básica em São Paulo, 29%, em Belém e 31%, em Salvador. Com R$ 250 é possível comprar 39%, 49% e 52% da cesta nas capitais paulista, paraense e baiana, respectivamente.
Já um benefício de R$ 375 às mães terá o poder de comprar 59% da cesta em São Paulo, 73% em Belém e 78% em Salvador, segundo cálculo foi feito pelo jornalista Leonardo Sakamoto, em seu blog no UOL.
Para o economista e especialista em políticas públicas Francisco Menezes, que atuou no Ministério de Combate à Fome, no governo do PT, esses valores são absolutamente insuficientes para dar segurança alimentar a quem precisa.
“Quando foram reduzidos para a metade os valores do auxílio, de setembro a dezembro, já naquele momento houve um aumento significativo da fome no país. Os R$ 300 já não davam. O Datafolha mostrou que do total de pessoas que recebiam o auxílio pela metade, 36% estavam sem nenhuma renda e dependiam completamente do benefício para sobreviver”, diz Francisco, se referindo ao período em que Bolsonaro ampliou o prazo de pagamento, mas reduziu o valor em 50%”, explica Menezes.
Segundo ele, também a falta do pagamento de um novo auxílio desde janeiro deste ano foi uma enorme irresponsabilidade do governo, o que impactou tanto em relação à situação de extrema pobreza da população como no combate à crise sanitária.
“Sem dinheiro, sem comida, sem nada que garanta a sobrevivência, as pessoas não ficam em isolamento. O que aconteceu e está acontecendo é a mais completa irresponsabilidade da Presidência e de parte do Congresso Nacional que deixaram acabar o auxílio em 31 de dezembro. Não se marca data para acabar com a calamidade”, afirma.
Dia nacional pelo auxílio de R$ 600,00
Nesta quinta-feira (18), o movimento ‘Renda Básica Que Queremos’, formado por cerca de 300 entidades e responsável pela campanha #AuxílioAtéoFimdaPandemia, promove um dia nacional de luta pela volta do auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia.
Estão previstas manifestações em todo o país, como tuitaço e publicações nas redes sociais, colagem de cartazes, projeções em prédios e atos simbólicos. Entre as ações, serão instaladas panelas vazias e velas diante de espaços como sedes de prefeituras, câmaras de vereadores, igrejas e símbolos turísticos das cidades.
De acordo com a assistente social Paola Carvalho, diretora de relações institucionais da Rede Brasileira de Renda Básica, o dia de protestos é uma forma de mobilizar as pessoas para a urgência do tema. “Essa PEC Emergencial colocou um teto de gasto de 44 bilhões para o auxílio emergencial em 2021. Isso num momento onde as mortes estão cada vez maiores e a vacinação e condições de hospitalização cada vez mais frágeis”.
Os movimentos também alertam que as principais regiões do país precisam de um lockdown, e sem auxílio emergencial essa forma de isolamento social não se viabiliza. (RBA)
Da Redação, com site da CUT