Na próxima quinta-feira (21), a CUT e as outras dez centrais sindicais vão realizar manifestações em frente das concessionárias de revenda da Ford em todo o Brasil. Os atos serão em defesa da retomada da produção das plantas industriais que foram fechada e pela manutenção dos empregos. As atividades fazem parte de uma série de ações programadas pelas centrais e sindicatos para tentar reverter a decisão da Ford.
De acordo com a análise do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o fim da Ford no Brasil com o fechamento das três unidades instaladas nos estados da Bahia, Ceará e São Paulo, trará perdas bilionárias tanto ao país, como aos trabalhadores e trabalhadoras da montadora norte-americana. Segundo o anúncio feito pela Ford, ela manterá manterá apenas a sede administrativa da América do Sul no Brasil, o Centro de Desenvolvimento de Produto e o Campo de Provas.
Conforme os dados do Dieese, com as 5.000 demissões na Ford, haverá uma perda potencial de 118.864 mil postos de trabalho diretos e indiretos, com uma perda de massa salarial de R$ 2,5 bilhões aos trabalhadores. Já a queda de arrecadação de tributos e contribuições deverá girar na ordem de R$ 3 bilhões ao ano.
Alerta sobre a desindustrialização
Em artigo publicado pelo site Brasil 247, Paulo Cayres, presidente da CNM / CUT e Secretário Sindical do PT, Sérgio Nobre, presidente da CUT e Vagner Freitas, vice-presidente da CUT e do PT defendem que o governo federal encampe os parques industriais fechados pela multinacional no Brasil.
“O governo deve se esforçar para manter a Ford e assegurar os empregos dos trabalhadores diretos e indiretos, explicitando que sua saída do Brasil implicará em grandes perdas neste imenso mercado consumidor. Caso a Ford mantenha sua decisão, os governos federal e os estaduais devem encampar suas plantas industriais, com máquinas e equipamentos, como contrapartida dos bilhões de reais que deixaram de arrecadar em face dos incentivos fiscais e benefícios que recebeu no Brasil”, reforçam oas autores no texto.
No artigo, os autores também afirmam que um país como o Brasil, pelas suas dimensões e importância estratégica, não pode assistir a sua já tardia, porém pujante, industrialização se desmanchar por falta de uma política nacional de desenvolvimento.
“A industrialização do país evoluiu e se desenvolveu com os investimentos do Estado nas indústrias do aço e do petróleo. A destruição do parque produtivo industrial nacional, portanto, além de jogar fora todo esse investimento e esforço, representa graves consequências para a população e é um verdadeiro desastre para o país”, diz trecho do artigo.
Os três dirigentes sindicais defendem no texto a retomada da produção nos parques industriais com ou sem a Ford.
“Podemos ser um celeiro na produção de alimentos, soja, minérios, água e fonte de energia, mas não podemos nos limitar a ser um país exportador de commodities, sob o risco de nos tornarmos uma nação pequena e pobre, apesar de nossas dimensões, riquezas e disposição de trabalho do povo brasileiro”, afirmam eles.
Eles também afirmam que o Congresso Nacional deve assumir as suas responsabilidades e exigir que o governo Bolsonaro tome as medidas necessárias para que o processo de desindustrialização pelo qual passa o país não se intensifique mais com a desativação dos parques industrias da Ford.
Da Redação