A Central Única dos Trabalhadores (CUT) é a primeira central sindical brasileira a anunciar a implantação de paridade absoluta de gênero na divisão dos 44 cargos de sua Executiva Nacional.
O quadro de membros passará a ser ocupado por 22 homens e 22 mulheres, igualitariamente, após a confirmação da eleição da nova chapa eleitoral na sexta-feira (16). A chapa foi escolhida por unanimidade entre as diferentes correntes que formam a central e deverá ser eleita por aclamação para compor a nova direção da Executiva. O atual presidente, Vagner Freitas, encabeça o grupo.
A CUT anuncia que já conseguiu implementar a paridade de gênero nas 27 instâncias regionais (estados) em que atua no decorrer deste ano. Só faltava a nacional. A paridade dentro da instituição tem avançado nos últimos três anos, desde 2012, quando tornou-se item do programa político da CUT.
Embora esse seja um tema diferenciado da pauta política de debates, o partido fará o anúncio da conquista igualitária durante a realização do 12º Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores (Concut).
A abertura do Concut, que se realiza em São Paulo a partir dessa terça-feira (13) e até sexta no Centro de Convenções do Anhembi, terá a participação dos ex-presidentes Luís Inácio Lula da Silva (Brasil) e José Mujica (Uruguai).
O objetivo do congresso é debater a estratégia política da central e aprovar ações para fortalecer o movimento sindical. Mais políticas públicas, geração de emprego e renda, manutenção e ampliação dos direitos da classe trabalhadora são as principais bandeiras da central.
A central estima que quase 2,5 mil sindicalistas de todas as Regiões do Brasil, sendo 1015 mulheres e 1410 homens, do campo e da cidade, vão participar do Concut.
O encontro passa a ter também um viés de seminário internacional, com a participação de 219 sindicalistas de 71 países de todos os continentes.
Na quarta-feira (14) pela manhã está agendado outro evento fundamentado em princípios fundamentais dos direitos humanos, que é a abertura e lançamento da Década Internacional Afrodescentes pelo Concut, uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU).
Abaixo da cota – No Brasil, propostas bem menos exigentes de busca de isonomia na divisão de tarefas por gênero (masculino e feminino) dificilmente conseguem se confirmar como conquista real.
Nas eleições para o Legislativo federal brasileiro (Câmara e Senado) em 2014, por exemplo, menos de 10% dos parlamentares eleitos são mulheres, apesar de a exigência legal destinar cota mínima de 30% às candidaturas do sexo feminino.
Em 2010, a participação de mulheres no Congresso era menor ainda: apenas 8,8% de mulheres.
Com 3,82 mil entidades filiadas, quase 7,9 milhões de sócios que representam mais de 24 milhões de trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade, a CUT é considerada a maior central do país.
Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias