Petroleiros da Federação Única (FUP), sindicalistas da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e ativistas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) lideram as articulações com movimentos sociais de todo País em defesa do mandato democrático da presidenta Dilma Rousseff.
“Somos contra o pedido de impeachment aceito pelo presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na tarde de quarta-feira (2)”, declarou, quase como um slogan da campanha pró-Dilma, o diretor de Comunicação da FUP, Francisco José de Oliveira, o Chico Zé.
“Não estamos parados, não! Vamos partir para cima. Vamos chamar todo mundo a participar: movimentos sociais, estudantes… Quem quiser aderir, tá dentro”, sintetizou Chico Zé, relatando sua presença, naquele momento, em mais uma das inúmeras reuniões que realiza contra a aceitação do pedido de impeachment.
Para essa sexta-feira (4), outra reunião de articulação está agendada pela FUP na sede da CUT no Rio de Janeiro, às 11h, para fechar um pacote de atividades nos próximos dias com centrais e sindicalistas.
A primeira já foi definida para a terça-feira, dia 8 de dezembro. A Federação já conseguiu disponibilizar uma frota de 60 ônibus para mobilidade dos manifestantes. “A estratégia é convocar a participação de manifestantes da Bahia, Minas Gerais e estados em volta”, revelou.
Os sem-terra e os estudantes também se manifestaram com apoio a Dilma e às manifestações em seu favor. O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, se comprometeu, conforme registro do site noticioso “Brasil 247”, a mobilizar movimentos populares para ir às ruas em defesa do mandato da presidenta.
“Certamente, os movimentos populares irão fazer suas avaliações e, nos próximos dias, nos articularemos para programarmos mobilizações e impedirmos, nas ruas, qualquer tentativa de ferir nossa nascente democracia. O povo brasileiro elegeu a presidenta e mais 27 de governadores. E todos têm direito de concluir seus mandatos constitucionais”, declarou Stédile.
Para ele, Cunha “não tem moral” para encaminhar o pedido de impeachment, como mostram as investigações da Operação Lava Jato sobre sua participação no recebimento de propinas e as contas secretas na Suíça.
“Se ele tivesse um pingo de dignidade já teria renunciado para se defender no STF, onde é acusado, com fartas provas, de corrupção”, ensinou Stédile.
Sem base legal – Carina Vitral, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), pronunciou-se nas redes sociais sobre o processo aceito por Cunha. Para ela, a aceitação é “imoral e fruto de chantagem política”.
“Eduardo Cunha, ao ser indiciado (na Lava Jato), não tem legitimidade para aceitar um processo de impeachment. Existe um vício de origem”, avaliou Carina.
“Impeachment sem base legal é golpe, isso se parece mais com 1964 do que 1992” (numa referência à cassação de Fernando Collor), insistiu a representante dos estudantes brasileiros.
Alinhamento – Dois episódios definiram, segundo Chico Zé, a reação em favor da presidenta: a própria manifestação de Dilma, “clara, imediata, direta e objetiva” contra a decisão de Cunha; e a definição da bancada do PT, no Conselho de Ética, pela aprovação da abertura do processo de cassação do deputado.
“O PT vinha encolhido; agora, saiu na frente”, afirmou, descrevendo o alinhamento da bancada no Conselho. A FUP acredita, no entanto, que não há voto suficiente – são necessários dois terços ou 352 deputados – para aprovar a abertura do processo; também prometeu emitir uma nota sobre o episódio na tarde desta quinta-feira (3).
Para Chico Zé, Cunha representa retrocesso e golpe, principalmente depois da divulgação de que o deputado “está envolvido em diversos escândalos” de corrupção e em manobras de auto-preservação. “A própria direita pode ver agora que a iniciativa dele, pela aceitação do pedido, é revanche e chantagem”, justificou.
Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias