A falta de transparência na prestação de contas da campanha eleitoral de Aécio Neves (PSDB-MG) em 2014, quando disputou a Presidência com a Dilma Rousseff, reeleita pelo PT, começa a levantar dúvidas sobre supostas irregularidades. Entre elas, a existência de um parente do tucano, empregado no governo de Minas Gerais, na função de tesoureiro “de fachada”.
Com base nas informações apresentadas pelo PSDB ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), reportagem do portal “Rede Brasil Atual”, publicada na segunda-feira (7), apontou que na campanha tucana consta o nome do primo de Aécio, Frederico Pacheco de Medeiros, como administrador financeiro.
O documento está acessível no site do TSE como “Tipo de prestação de contas: Final”.
Entretanto, há no histórico profissional de Medeiros diversas funções anteriores no governo mineiro, inclusive como secretário-adjunto de governo e secretário-geral do então governador, Aécio Neves.
Além disso, até janeiro de 2015, ou seja, passado o período da campanha eleitoral, Medeiros esteve como diretor de Gestão Empresarial da Cemig, a Companhia de Eletricidade do governo de Minas Gerais.
Pelo cargo ocupado, segundo aponta a reportagem, Medeiros provavelmente lidava “com fornecedores da empresa e, portanto, potenciais doadores de campanha”.
A publicação questiona, então, como Medeiros poderia ser o tesoureiro da campanha do tucano, se em 2014 “em entrevista à imprensa sobre dívidas da campanha presidencial de Aécio Neves”, o ex-ministro da Justiça no governo Fernando Henrique Cardoso, José Gregori, se apresentou como ocupante do mesmo cargo de tesoureiro. E ainda, “seu nome nem sequer” aparece na prestação oficial de contas.
A matéria classificou a função de Gregori como “tesoureiro de fachada”, já que a mídia acreditava ser o ex-ministro da Justiça o administrador financeiro.
Segundo informou o portal, “é mais um componente no mínimo estranho nas já complicadas contas eleitorais do PSDB”.
Parentes x Arrecadação – De acordo com portal “Rede Brasil Atual”, outros parentes de Aécio Neves atuaram como arrecadadores de dinheiro para a campanha do tucano, como é o caso de Oswaldo Borges da Costa Filho, genro de Gilberto Faria, banqueiro e padrasto do senador, falecido em 2008.
Oswaldo Borges da Costa Filho é diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig).
Segundo o “RBA”, uma testemunha da Operação Lava Jato, que tem o nome mantido em sigilo, afirmou que “dinheiro vivo para financiamento de campanhas teria sido entregue na casa de Tânia Guimarães Campos, prima de Aécio”.
Tânia foi “nomeada como Secretária de Agenda do governo estadual” quando o senador ainda ocupava o Palácio da Liberdade. Em 2006, Tânia Campos foi alvo de denúncia de nepotismo.
Contas no TSE – O TSE apontou 15 “inconsistências” na prestação de contas do tucano. A ministra Maria Thereza de Assis Moura é relatora do processo e ainda analisa as contas, mas omissões e divergências foram constatadas e a Corte pediu explicações.
Em análise preliminar, o TSE verificou que não consta na prestação de contas de Aécio Neves o recebimento da doação de R$ 2 milhões, feito pela Empreiteira Odebrecht, investigada na Operação Lava Jato, embora o comitê nacional da candidatura tenha feito o registro.
Além disso, depoimentos do doleiro Alberto Youssef na Lava Jato revelam indícios de suposta participação de Aécio Neves no desvio de recursos em contratos de Furnas. Segundo documento, Aécio teria recebido R$5,5 milhões.
Por Michelle Chiappa, da Agência PT de Notícias