O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu o julgamento de dois de três procedimentos disciplinares contra o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Os julgamentos seriam realizados na manhã desta terça-feira (18) pelo Conselho Nacional do Ministério Público). O caso do powerpoint contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue na pauta do conselho, mas não há certeza se a análise de fato acontecerá nesta terça. O caso está na pauta do CNMP há meses e, até agora, não foi chamado a julgamento pelos conselheiros.
A presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT), cobrou do conselho que mantenha o julgamento do caso do de Lula. “O CNMP tem hoje a última chance de mostrar a que veio e julgar o escândalo do powerpoint. Será uma vergonha adiar o caso pela 41ª vez e salvar Dallagnol pela prescrição, que ele tanto criticava. É com atitudes corporativas que uma instituição se condena ao descrédito”, disse, em uma rede social.
“Dallagnol pediu a suspensão das ações no CNMP com base em argumentos que ele passou anos acusando outros de usarem para se livrar de condenações: prescrição da punição e suposta violação ao devido processo legal”, acusou a parlamentar. O procurador não conseguiu tirar o caso do powerpoint de Lula da pauta. Ele se livrou de outros dois casos: o processos que seria apresentado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) e o outro, pela senadora Kátia Abreu (PP-TO). As decisões representam mais uma vitória para a Lava Jato no STF.
Mais cedo, ainda na segunda-feira, o ministro Luiz Fux havia suspendido os efeitos da sanção de advertência imposta a Deltan em novembro do ano passado. A proximidade de Fux com a operação já havia se tornado evidente no episódio da Vaza Jato, revelado pelo site The Intercept Brasil. Em uma das conversas de Dallagnol com o então juiz Sergio Moro, ambos deixaram claro que o juiz era uma das esperanças para as investigações na corte.
Proximidade
Logo após a abertura do processo de impeachment contra Dilma Rousseff (PT), eles conversaram sobre o cenário na corte. “[Fux] disse para contarmos com ele para o que precisarmos, mais uma vez. […] os sinais foram ótimos”, relatou Deltan. Moro respondeu: “Excelente. In Fux we trust (‘Em Fux nós confiamos’, em inglês”.
No caso de Renan, o parlamentar questiona a conduta do procurador por ter feito críticas no Twitter ao parlamentar. Segundo o senador, as declarações prejudicaram a campanha dele à presidência do Senado no ano passado.
Em entrevista à CNN na noite de segunda-feira, após a decisão de Fux, mas antes da sentença de Celso de Mello, o procurador Deltan Dallagnon admitiu que deveria ter agido de modo diferente em relação ao powerpoint usado para apresentar a denúncia contra o ex-presidente Lula, em 2016.
“A forma de apresentação eu faria diferente para evitar a polêmica e as críticas que geraram. A questão é que não rendeu bons frutos, rendeu discussão desnecessária”, afirmou. Ele fez a mesma avaliação sobre os comentários em que lamentava a possível vitória de Renan para o comando do Senado. Apesar disso, o procurador disse que agiu dentro da lei em todas as ocasiões e que não merece ser punido.
Da Redação