É de Milton Nascimento a frase que aponta com exatidão o lugar do artista no mundo: ele vai onde o povo está. Embora com missões distintas, um partido político formado a partir de lutas populares também padece e sobrevive de jornada semelhante. Não por acaso, este foi o caminho trilhado pelo Partido dos Trabalhadores desde o dia 10 de fevereiro de 1980. Passados 39 anos, a maior legenda de esquerda da América Latina segue mais forte do que nunca, mas algo do início permanece – O PT sempre estará ao lado do povo, onde o povo estiver.
Por isso seria estranho pensar num ato de celebração pelo aniversário do PT diferente do realizado neste sábado (9), em São Paulo. Com a presença daqueles que ajudaram na sua formação, o partido celebra – e resiste – agora também com o apoio renovado de novos militantes surgidos durante o combate contra o golpe e seus desdobramentos. Todos eles parecem estar prontos e preparados para as batalhas que virão – já que a possibilidade real de retrocessos se insinua mais do que nunca no país.
Na quadra do Sindicato dos Bancários, local no centro de São Paulo escolhido para o 39º aniversário, militantes como a Rosalina da Silva, no partido desde a década de 1980, juntavam-se aos que resolveram se filiar durante a conturbada e desonesta eleição que colocou a extrema-direita no poder. Caso da estudante Thamirys Fernandes, oficialmente petista há três meses. Apesar da diferença de idade, a motivação de Rosalina e Thamirys ao decidirem entrar para o partido teve influência decisiva de uma única pessoa: Luiz Inácio Lula da Silva.
“O Lula é um exemplo de liderança que cativa e conquista qualquer um. Mas não é só isso. Eu mesma sou exemplo prático do legado que ele deixou ao país, já que só consegui chegar à universidade por causa do Prouni. O que está acontecendo com ele é muito triste, porque ele não é só um preso político. Ele, na verdade, deveria estar aqui nesta festa de 39 anos na condição de novo presidente do país. Era o que povo queria. Era o que deveria ter acontecido”, opina Thamirys.
Rosalina, por sua vez, diz que se encantou com Lula ainda nos tempos em que ele era líder sindical. “Quando eu vi aquele homem falando pros trabalhadores durante as greves eu fiquei apaixonada e pensei: esse cara tem um diferencial e eu vou fazer campanha pra ele. Foi assim desde que ele se candidatou a governador e estou nessa luta até hoje. Sou petista por causa do Lula e serei sempre. Enquanto ele estiver preso injustamente eu não vou sossegar”, garante.
Esquerda unida. Esquerda combativa
Foi Lula também que, já na condição de presidente, fez a contadora Edite Lopes da Silveira a se tornar petista de carteirinha. “Eu não era petista de Lula chegar à Presidência. Mas não pensei duas vezes em me filiar desde o início do seu mandato. É por isso que estou aqui hoje também porque foi com o PT que o Brasil finalmente passou a ser respeitado. Basta ver a força do partido nas últimas eleições, com cenário totalmente desfavorável, com Lula sequestrado pela Justiça e o partido sendo criminalizado injustamente. Olha, não consigo ver resistência e luta sem o PT”, declara.
Mas nem só de petistas se fez a festa de aniversário do partido. Além dos militantes de fato, a quadra do Sindicato dos Bancários também reuniu pessoas que, embora não sejam filiadas, veem o partido como a força necessária para resistir e preservar o imenso legado deixado durante os seus governos. “Eu estou aqui porque respeito e admiro a história do partido, vejo no Lula o maior líder político da nossa história e temo pela retirada de direitos com Jair Bolsonaro. Sem o PT, a resistência não teria a força necessária para enfrentar essa luta imensa que teremos pela frente”, conta a auxiliar de creche Laura Martins.
Por Henrique Nunes da Agência PT de Notícias