Partido dos Trabalhadores

Debate político no Brasil é muito passional, avalia cientista político

Para o cientista político norte-americano Anthony Pereira, economia brasileira é diferente da vivida nos anos 90. Ele também reforçou a importância do atual combate à corrupção

O diretor do King’s Brazil Institute, o cientista político norte-americano Anthony Pereira, disse acreditar, em entrevista ao jornal “Valor Econômico” publicada nesta segunda-feira (26), que o debate político no Brasil, atualmente, é muito passional.

“Olhando de fora, conseguimos ver essa questão de forma menos passional de que os analistas que estão no Brasil, avaliando comparativamente e escapando da narrativa das pessoas que estão vivendo a crise, o calor do momento”, exemplificou.

“Falar que este é o governo mais corrupto que já houve, por exemplo, é algo que não tem base comparativa real. O debate político no Brasil atualmente é muito passional”, avaliou o cientista.

Anthony Perreira reforçou o coro de economistas e especialistas ao afirmar que a situação da economia brasileira é diferente da vivida nos anos 90. Ele também reafirmou os avanços no combate à corrupção.

“Durante a crise, com perspectiva de recessão, é fácil se apegar ao que há de negativo, mas no longo prazo, podemos ver que depois de alguns passos atrás, o Brasil vai dar passos adiante novamente. O Brasil de hoje é muito diferente do dos anos 1990, tem grandes reservas, as instituições funcionam e têm força, o Judiciário tem uma perspectiva de atuar mais ativamente contra a corrupção”, avaliou.

Para ele, durante a crise, as pessoas se “apegam” ao negativo, mas isso é temporário. “Todos os países têm problemas ao lidar com corrupção. A Operação Lava-Jato é uma investigação sem precedentes, que se estendeu a grandes empreiteiras que antes escapavam. Isso vai impor limites à atuação de empresas e tem grande potencial. Além disso, há uma grande percepção de que as coisas estão mudando, e isso é positivo”, afirmou.

“No geral, acredito que haverá um legado positivo dessas investigações. Minha grande preocupação é que o processo não se limite apenas ao PT, pois deveria incluir todos os partidos que estão envolvidos em corrupção”, completou o cientista político.

Durante a entrevista, ele reconheceu que, nos últimos anos, o Brasil fez “imensos” progressos na área dea democracia. “Nenhuma democracia consolidada do mundo se tornou assim de uma hora para a outra, ou no intervalo de uma geração. É um processo longo, e o Brasil fez progressos imensos”, disse.

Da Redação da Agência PT de Notícias