Pelas redes sociais, parlamentares da Bancada do PT na Câmara rechaçaram a tentativa do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL) de dar sobrevida à proposta de emenda à Constituição (PEC 135/19), que torna obrigatório o voto impresso. A proposta foi rejeitada, na noite de quinta-feira (5), pela maioria absoluta dos parlamentares que compõe a comissão especial que analisou o tema.
Em pronunciamento feito na tarde de sexta-feira, Lira comunicou que levaria “a questão do voto impresso para o plenário, onde todos os parlamentares eleitos legitimamente pela urna eletrônica vão decidir”.
O líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Bohn Gass (RS), pelas redes sociais, afirmou que “levar a PEC do voto impresso ao plenário depois de a comissão especial já ter rejeitado o tema por ampla maioria, é submeter a Câmara dos Deputados aos delírios de um presidente genocida, corrupto e mentiroso”.
Para o líder petista, não há debate real sobre voto impresso. “A inviolabilidade da urna eletrônica está provada. Ao pautar esse tema num País que sofre com fome, desemprego, pandemia, destruição ambiental, a Câmara dos Deputados, “casa do povo”, mostra-se distanciada dos problemas reais deste povo”, protestou Bohn Gass.
A presidenta Nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR) criticou o argumento de Arthur Lira que evocou a democracia para sustentar a decisão tomada. “Lira anunciar que vai levar voto impresso para deliberação do plenário e dizer que isso é o mais democrático, é zombar do parlamento. Se está preocupado com a democracia, por que não leva o impeachment para o plenário decidir? Aliás, porque apoia Bolsonaro?”, questionou a presidenta do PT.
Desrespeito ao trâmite legislativo
Também pelas redes sociais, o deputado José Guimarães (PT-CE) contrapôs à decisão do presidente da Câmara. Para o parlamentar petista, houve desrespeito por parte de Lira, aos trabalhos da comissão especial.
“O presidente da Câmara dos Deputados levará a PEC do voto impresso ao plenário, mesmo com a derrota acachapante da matéria na Comissão Especial. Insistir nessa cantilena é aderir ao golpismo de Bolsonaro. Lira precisa respeitar o trâmite das comissões. Vamos recorrer ao STF”, comunicou Guimarães.
Prioridade é o impeachment
Para a deputada Natália Bonavides (PT-RN) o presidente Arthur Lira precisa se ater a temas importantes que se encontram na ordem do dia da Casa. “O que precisa ser levado ao plenário são os inúmeros pedidos de impeachment de Bolsonaro, não esse retrocesso do voto impresso proposto pelo presidente golpista”, escreveu a deputada.
O deputado Joseildo Ramos (PT-BA) é da mesma opinião. “O voto impresso está pautando o País”, diz o presidente da Câmara. Que país essa gente vive? O que está pautando o Brasil é a necessidade urgente do impeachment de Bolsonaro. Vamos pautar? De qualquer modo, vamos enterrar essa aberração do voto impresso no plenário”, afirmou.
Golpismo
A deputada Erika Kokay (PT-DF) conclamou os seus pares a dar um basta na tentativa de golpismo que a proposta representa. “Derrotar o voto impresso é o primeiro passo para derrotar o golpismo de Bolsonaro. É hora de união de todos em defesa da democracia”, sugeriu.
Na avaliação do deputado Zé Ricardo (PT-AM), Lira e Bolsonaro trabalham juntos. Segundo ele, com essa decisão de levar ao plenário o voto impresso, mesmo com a rejeição da comissão especial, “Lira ri da Câmara dos Deputados e passa por cima da decisão dos deputados”. “Por que ele apoia Bolsonaro?”, indagou o parlamentar.
Pelo Twitter, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) também escreveu: “Atenção: o presidente Arthur Lira acaba de anunciar em coletiva de imprensa que levará o projeto que trata do voto impresso direto ao plenário da Câmara. Demonstraremos que a Democracia é maior que o bolsonarismo genocida e suas alucinações golpistas”.
Ao se manifestar, deputado Beto Faro (PT-PA) assegurou: “Não vamos permitir retrocessos, após o voto impresso ser rejeitado na comissão especial, Arthur Lira, aliado de Bolsonaro, anuncia que levará a proposta à votação no plenário. Não vamos recuar”.
Precedente perigoso
Na opinião do deputado Alencar Santana Braga (PT-SP), o presidente da Câmara abriu um precedente muito perigoso ao decidir, de forma monocrática, “que o recibo de miliciano (que chamam de “voto impresso auditável”) vai a voto no plenário da Câmara, mesmo após a surra na comissão. Mas vamos derrotar esse absurdo de todo jeito!”, garantiu.
E o deputado Carlos Veras (PT-PE) disse que a decisão do presidente da Câmara não é legal, “mas é uma forçação de barra escandalosa”. “Essa decisão coloca o legislativo de joelhos diante de Bolsonaro. A Câmara Federal precisa defender sua autonomia perante os demais poderes da República”, afirmou.
Os deputados petistas Airton Faleiro (AM), Helder Salomão (ES) e Rubens Otoni (Go) também criticaram a decisão do presidente Lira em suas redes sociais.
Do PT na Câmara