A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva protocolou no Tribunal Regional Federal da 4ª região um pedido para que seja revista a decisão do juiz Sérgio Moro de negar a oitiva do advogado Rodrigo Tacla Duran como testemunha de defesa.
Em depoimento prestado à Comissão Parlamentar de Inquérito da JBS, o ex-advogado da Odebrecht declarou que a Operação Lava Jato direciona delações e fez uso de documentos fraudados.
Na terça-feira (12), os advogados de Lula e Duran realizaram uma audiência via conferência na qual o ex-advogado da Odebrecht disse estar à disposição para testemunhar.
Dois dos três pedidos de oitiva de Duran são para um processo no qual a defesa de Lula questiona a idoneidade de documentos juntados aos autos da ação penal pela Odebrecht e pelo Ministério Público Federal relativos a sistemas internos da empresa e do banco Meinl Bank Antígua.
Tacla Duran contribui para investigações em diversos países, incluindo Estados Unidos e Equador. No caso do Brasil, Moro negou todos os pedidos feitos com base em dois argumentos: que Tacla Duran não teria “credibilidade” e que seu endereço seria desconhecido. Porém, o ex-advogado da Odebrecht contestou tais argumentos.
“Eu tomei conhecimento pela imprensa de que no terceiro pedido (feita pela defesa de Lula), foi indeferido porque o juízo de Curitiba (Sérgio Moro) não tem conhecimento do meu endereço. Com todo o respeito, eu respondi a um processo de extradição e compareci a todos os atos. Todos os sete países no qual contribuí em processos me localizaram e meu endereço em Madri é o mesmo da minha família há mais de 20 anos”, declarou Tacla Duran.
Ele contou, ainda, que procuradores brasileiros chegaram a solicitar – com autorização de Moro – uma oitiva em Madri, agendada para o dia 4 de dezembro. Ele foi notificado em seu endereço, mas os procuradores não compareceram.
“Chega a ser estarrecedor. No dia 4 eu estava lá e eles não compareceram. E tantas quantas vezes me convocarem, desde que sejam convocações legais, eu vou comparecer”, afirmou.
Quanto ao argumento de Moro de que Duran não “tem credibilidade” para ser ouvido, o ex-advogado da Odebrecht diz que o juiz está “cometendo um pré-julgamento em público”.
Delações orientadas e documentos fraudados
Durante a audiência com a defesa de Lula, Tacla Duran falou que a equipe da Lava Jato, citando diretamente o ex-vice-procurador Marcelo Muller que integrava a equipe da operação, “orientava” delações.
“Inicialmente, me perguntaram se eu tinha alguma coisa contra pessoas com foro privilegiado. Se eu tivesse, eu teria falado espontaneamente, entretanto, não foi assim. Em outro momento, o senhor Marcelo Muller me sugeriu nomes”, declarou Duran.
Quanto aos documentos fraudados, o advogado falou sobre contas apagadas, simulação de transferências e perícias que provam tais alegações.
Assista a íntegra da audiência entre os advogados de Lula e Rodrigo Tacla Duran:
Da Redação da Agência PT de Notícias