O programa partidário do DEM, veiculado na quinta-feira (4), buscou atacar o PT em sua propaganda política. Na avaliação do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), os democratas usaram a “moral seletiva” para construir o vídeo.
De acordo com Pimenta, eles citaram as denúncias de corrupção da Petrobras, mas, quando parlamentares petistas apoiaram que a CPI da Petrobras investigasse o que houve em 1997 , o DEM foi contrário a ideia.
“Quando a bancada do PT começou a coletar assinaturas para a CPI da Petrobras alcançar os fatos desde 1997, no período FHC, o DEM e outros partidos não aceitaram. Só quiseram em 2005. Eles usam “moral seletiva” para abordar a corrupção. E o caso do Arruda, as denúncias contra Agripino? Por uma questão de coerência eles não deveriam blindar investigações contra eles”, avaliou.
Pimenta se refere a denúncia de que o senador e presidente nacional do DEM, José Agripino Maia (RN), é acusado de ter cometido crime de corrupção passiva. Ele teria cobrado propina de R$ 1,1 milhão para ajudar na implantação do serviço de inspeção veicular no Rio Grande do Norte (RN).
Agripino foi citado em delação premiada do empresário George Olímpio, que é apontado como mentor do esquema de corrupção que deu origem a Operação Sinal Fechado. Deflagrada em 2011, a operação apurou fraudes envolvendo o Detran e autoridades do RN. Foram presas 12 pessoas, entre elas Olímpio, que teria montado o esquema que desviava recursos do órgão.
Segundo o delator, o presidente nacional do DEM teria recebido dinheiro em 2010 em troca de não colocar obstáculos à aprovação de um projeto de lei que previa a implantação da inspeção veicular obrigatória no estado e que iria beneficiar as atividades empresariais de Olímpio.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) abertura de inquérito para investigar Maia. A ministra Cármen Lúcia do (STF), autorizou investigação. Agora, o inquérito tramita em segredo de Justiça.
Outro do DEM que também tem o nome envolvido em esquemas ilícito é o senador Ronaldo Caiado. O PSOL entrou, no dia 16 de maio, com uma representação junto ao Ministério Público Federal em Goiás, requerendo a abertura de investigação sobre as contas de campanha de Caiado, que recebeu doações de 2 empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato. Ele teria recebido R$ 1 milhão de reais para sua campanha eleitoral.
Além disso, a ética de Caiado foi questionada pelo ex-senador do Demóstenes Torres, que insinuou publicamente que ele teve as despesas eleitorais de 2002, 2006 e 2010 pagas pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira, acusado de comandar esquema de jogo ilegal em Goiás.
A campanha de Caiado para o Senado foi a terceira mais cara do país e consumiu mais de R$ 9 milhões de reais. Em 1992, Ronaldo Caiado votou contra o impeachment do ex-presidente Fernando Collor.
Na avaliação do deputado federal Jorge Solla (PT-BA), os ataques ao PT durante a propaganda partidária do DEM são incoerentes com as ações de alguns políticos do partido.
“Eles não tem respaldo para acusar o PT quando enfrentam graves denúncias. Há inúmeros casos de corrupção do DEM que não foram julgados por causa da blindagem feita pelo partido. Eles foram hipócritas nas declarações do vídeo”, declara.
Por Michelle Chiappa, da Agência PT de Notícias