O mercado financeiro, para quem Jair Bolsonaro (PSL) se curva e norteia sua agenda de retrocessos, já havia anunciado em abril que 2019 seria um ano perdido para a economia – consequência da falta de propostas para reduzir as astronômicas taxas de desemprego do país.
Três meses depois, a projeção (a 18ª diferente desde janeiro) para a irrisória expansão do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – agora se estende também para o próximo ano. É o que apontam diversos especialistas ouvidos pelo G1, que publicou balanço negativo da economia neste domingo (30).
A maior parte das estimativas aponta para crescimento próximo de 2%, muito abaixo do que prometia o presidente e seu guru Paulo Guedes, e o temor é que tal cifra possa ser ainda menor. No melhor momento, no início de março, as previsões estavam em 2,8%.
Embora insista em atribuir o aumento da crise às gestões passadas e tente apostar todas as fichas da temida reforma da Previdência (que poderá agravar ainda mais a pobreza), parece não haver dúvidas que o governo federal tem sido incapaz de resolver o problema.
Para economistas e empresários, como ainda não foi tomada nenhuma medida efetiva para retomar a atividade econômica as projeções que já eram péssimas para 2019 e 2020 podem se estender para além deste período. “Se continuar assim, os outros anos também serão perdidos. É uma reforma do Estado, é (a aplicação de) uma política industrial. São esses fatores que farão o Brasil iniciar um processo de crescimento”, decretou Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, ouvido pela Rede Brasil Atual no fim de maio.
Outro agravante é a Lei do Teto de Gastos que limita os investimentos em áreas essenciais e atrapalha ainda mais a economia. “O congelamento de gastos foi nesse sentido de dar para as pessoas a impressão de que o futuro seria pior. Se você acha que o amanhã é pior, você consome menos hoje. Políticas que levem para a expansão com equilíbrio fiscal seria o caminho adequado para esse momento”, apontou o economista César Locatelli.