O Nordeste do Brasil, que nos governos do ex-presidente Lula despontou no cenário nacional com um avanço econômico acima da média nacional, é agora a região com o maior número de desalentados do país e responde sozinha por 60% do total de pessoas que gostariam de trabalhar, mas desistiram de procurar uma vaga porque perderam a esperança. Esses dados estão em estudo produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Os trabalhadores e as trabalhadoras do Nordeste são uma das maiores vítimas da crise política e econômica que se abateu sobre o país desde a eleição de 2014. Com o golpe de 2016, que colocou no poder o ilegítimo Michel Temer (MDB-SP), veio também a recessão, a estagnação da economia e, consequentemente, as taxas recordes de desemprego.
Para o secretário-adjunto de Comunicação da CUT, Admirson Medeiros Junior, a política de Temer, que reduziu drasticamente os investimentos na região Nordeste, paralisando importantes obras de infraestrutura, é responsável pela deterioração da economia local e pelo aumento do desemprego e do desalento.
“Boa parte das obras está parada, como a modernização e expansão das ferrovias, a transposição do Rio São Francisco, a construção de portos e a ampliação da indústria naval. No caso da Petrobras, que ajudou a desenvolver economias locais, a direção da estatal nomeada por Temer diminuiu a capacidade de operação das refinarias e interrompeu obras importantes”, explica o dirigente.
Segundo Admirson, a base produtiva que começou a ser estruturada no Nordeste nos governos do ex-presidente Lula foi desconstruída pelo ilegítimo Temer, o que interrompeu o acelerado desenvolvimento econômico da Região.
Dados do Banco Central confirmam a afirmação feita pelo dirigente da CUT. Entre 2002 e 2010, o PIB do Nordeste passou de R$ 191,5 bilhões para R$ 507,5 bilhões, uma expansão de aproximadamente 165%, menor apenas que o crescimento do PIB do Norte e Centro-Oeste. A Região Nordeste registrou ainda uma taxa média anual de crescimento do PIB per capita de 3,12% entre 2000 e 2010. No mesmo período, o PIB per capita brasileiro se elevou a uma taxa anual média de 2,22% e no Sudeste, região mais rica do País, cresceu apenas 1,81%.
Mulheres nordestinas
As mulheres jovens nordestinas de baixa escolaridade são as mais afetadas pela falta de oportunidade no mercado de trabalho e estão entre as que mais desistem de procurar uma vaga, aponta o estudo do Ipea.
De acordo com a técnica da subseção do Dieese da CUT, Adriana Marcolino, a lenta recuperação do mercado de trabalho e o baixo dinamismo da economia brasileira têm contribuído para que as pessoas com ensino superior completo ocupem vagas de quem tem menos escolaridade, o que amplia o desalento nas faixas mais vulneráveis, como é o caso das mulheres nordestinas.
“Apesar da média nacional indicar uma maior taxa de escolaridade entre as mulheres, elas continuam sendo as mais afetadas em períodos de alto índice de desemprego, em especial, as jovens com o ensino fundamental incompleto que moram em regiões como o Nordeste, áreas que passaram a ter cortes de investimentos e estão sofrendo mais fortemente as consequências da crise econômica, política e social”.
Além disso, diz Adriana, no caso das mulheres, houve consideráveis cortes em políticas públicas, sobretudo em função do congelamento dos investimentos públicos por 20 anos (PEC do Teto dos Gastos), o que contribuiu para colocar essa parcela da população no desalento, seja por falta de oportunidade, seja pelo aumento do número de mulheres que optaram pelos afazeres domésticos e cuidados com os filhos por causa da queda na renda da família, entre outros fatores.
Por PT na Câmara