Partido dos Trabalhadores

Deputados petistas rebatem afirmações de que não haveria racismo institucional no País

Para o deputado Delegado Éder Mauro (PSD-PA), as instituições não têm caráter racista. Érika Kokay e Reginaldo Lopes contestam e afirmam que negar o racismo contribui para a permanência do genocídio dos jovens negros

Foto: EBC

A juventude negra é vítima de racismo institucional e genocídio no Brasil. É o que afirma o relatório preliminar da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Violência contra Jovens Negros e Pobres, apresentado pela deputada Rosangela Gomes (PRB-RJ) na última terça-feira (7).

Segundo a deputada Erika Kokay (PT-DF), é fundamental que o relatório faça essa constatação, para que assim possam ser feitas recomendações de ações para superar o racismo institucional e o genocídio dos jovens negros.

Porém, segundo matéria da Agência Câmara de Notícias, o deputado Delegado Éder Mauro (PSD-PA) acredita que as instituições não têm caráter racista. “Não podemos aceitar uma CPI que queira direcionar que a família brasileira é racista e que, dentro do País, existe genocídio. Isso não é verdadeiro. O brasileiro não é racista, excetuados os casos pontuais e que devem ser punidos com rigor”, afirmou o deputado.

Para Kokay, afirmações como a deste deputado podem ser traduzidas como consentimento para a continuidade desse extermínio. “Ao negar o racismo, se está contribuindo para a permanência da descriminação e do genocídio desses jovens”, destaca.

“Me surpreende muito, depois de todo o trabalho que a CPI teve, que se afirme que não há racismo e nem ocorra genocídio da juventude negra em nosso País”, ressalta a deputada.

O presidente da comissão, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), acredita que a questão do racismo institucional e do genocídio da juventude negra estão mais do que comprovados.

“O racismo está instituído há muitos anos no Brasil, porque o País não fez a reparação de danos necessária após o fim da escravidão. É só comparar as diferenças de nível de escolaridade entre negros e brancos, os tipos de empregos, a remuneração e os postos de trabalho, as moradias”, complementa.

Érika Kokay acrescenta ainda que negar a existência de racismo institucional e do genocídio da juventude negra no Brasil é legitimar e naturalizar a morte desses jovens. “É dizer que é normal e natural que eles morram vítimas desse genocídio”.

Para ela, o relatório preliminar da deputada Rosângela Gomes precisa de alguns ajustes e correções. “Mas caso o relatório final não trouxer a constatação do racismo institucional e do genocídio da juventude negra, estará desrespeitando e desmerecendo o trabalho da CPI”.

Kokay acredita que, para além de proposições e recomendações, é fundamental constatar no relatório o genocídio da juventude negra e o racismo institucional. “Para que assim possamos recomendar ações para superá-los. Quando se nega isso, perde-se a oportunidade de sugerir mudanças e propostas para enfrentar”, finaliza.

De acordo com Reginaldo Lopes, a partir do relatório da CPI será possível fazer uma série de propostas que contribuam para reduzir a taxa de homicídios de jovens negros, diminuir a letalidade policial, construir política pública afirmativa em territórios com altos índices de homicídios, além de elevar para no mínimo 80% as taxas de elucidação de crimes. Hoje esse índice está em 8%.

Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias