Se o Brasil não se comprometer com a defesa do meio ambiente, em especial com a luta contra o desmatamento da Amazônia, o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, do qual o país faz parte, pode não ser fechado. De acordo com especialistas consultados pela reportagem do Seu Jornal, da TVT, o desmatamento alarmante, o uso excessivo de agrotóxicos, o desrespeito às populações indígenas, além de outros crimes ambientais potencializados pelo governo Bolsonaro, podem desfavorecer a inclusão do Brasil na aliança.
“Mesmo sendo um acordo comercial, uma série de cláusulas, entre elas o compromisso com a implementação do Acordo de Paris, acaba sendo condição necessária para os países que vão se beneficiar dos instrumentos”, ressalta o secretário-executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl.
Nesta semana, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou aumento na taxa de desmatamento da Amazônia que, entre agosto de 2017 e julho de 2018, chegou a ser 8,5% maior do que no período anterior. Foram 7.500 quilômetros quadrados desmatados, o equivalente a cinco vezes a área do município de São Paulo.
O aumento decorre da expansão do agronegócio, afirma o presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), Carlos Bocuhy. Para ele, é uma “falácia” do governo a afirmação de que a preservação desse ecossistema atravanca o desenvolvimento. “Não se deixa a floresta em pé para trabalhar em áreas florestadas para cultivo. É o que acontece na Amazônia (…) sendo que o Brasil tem outros locais para fazer isso (agropecuária)”, contesta Bocuhy.
Observatórios e lideranças europeias temem o descaso do governo na questão da preservação da Amazônia, floresta fundamental para o equilíbrio ambiental do planeta. Nesta quinta-feira (4), a Noruega manifestou sua preocupação com mudanças no Fundo Amazônia que vêm sendo defendidas pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Um dos principais doadores de recurso para preservação, o país disse que não endossará “soluções que prejudiquem os bons resultados”. Para especialistas, as medidas do governo podem fazer com que o Brasil perca o fundo.