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Descontrole brasileiro isola país e ameaça combate mundial à pandemia

Atuação desastrosa do governo Bolsonaro é alvo de investigação conduzida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), cujos especialistas temem que o caos sanitário leve o Brasil a superar os EUA em novos casos. Variante brasileira, mais transmissível, chega ao Reino Unido e acende alerta global. “Bolsonaro precisa responder por crimes contra a saúde do povo brasileiro”, cobra o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP)

Site do PT

No quadro de descontrole sanitário que colocou a população de joelhos diante da ferocidade da Covid-19, o Brasil caminha para superar os EUA em número de novos casos da doença até o fim do mês, preveem especialistas. O caos brasileiro preocupa técnicos da Organização Mundial de Saúde (OMS), que consideram o país uma ameaça global, revela o colunista Jamil Chade, do ‘UOL’, nesta terça-feira (2).

Segundo informa Chade, a OMS identificou uma interrupção na queda das infecções mundiais, que durava seis semanas. Quatro regiões registraram aumento de casos e o Brasil aparece como um dos maiores focos de disseminação do vírus.

O colunista traça um paralelo entre o número de casos e mortes nos EUA e no Brasil, apontando para uma queda de contágio e óbitos lá e um aumento vertiginoso aqui. “Em termos de mortes, os americanos superavam a média de 18 mil novos mortes por semana em dezembro de 2020, contra 5.200 no Brasil”, analisou. “Nos últimos sete dias, os dados mostraram uma tendência inversa. Nos EUA, foram 14 mil novos óbitos, contra 8.200 no Brasil”, observou Chade.

Um dos motivos para o descolamento mundial do país está na vacinação, que caminha lentamente, além da ausência de medidas rígidas como o lockdown. Os EUA já vacinaram mais de 50 milhões de pessoas, enquanto o Brasil aplicou apenas 6,7 milhões de imunizantes.

Crimes contra a saúde 

Chade destaca ainda que a atuação desastrosa do governo Bolsonaro é alvo de uma investigação independente, organizada pela OMS para avaliar a resposta dos países à crise sanitária. O Ministério da Saúde recebeu inclusive um questionário para detalhar as ações da pasta no combate ao surto. O resultado do inquérito deve ser divulgado em maio.

“Bolsonaro precisa responder por crimes contra a saúde do povo brasileiro”, cobrou o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), pelo twitter. “Ele já tem uma série em sua conta, inclusive na utilização de dinheiro público para distribuição de remédios sem eficácia comprovada. Com Bolsonaro como presidente, a vida da população está em risco”, advertiu Padilha.

Tragédia e isolamento mundial

Na semana passada, o diretor de Operações da OMS Mike Ryan, classificou a situação brasileira como uma “tragédia” e que deveria servir de exemplo mundial sobre o que acontece quando medidas de proteção sanitária são ignoradas. Do mesmo modo, a professora titular do departamento de Saúde Global e População da Universidade de Harvard, Márcia Castro, considera a crise uma catástrofe.

Castro avalia como grande o risco de o Brasil se isolar do resto do planeta, à medida que avançam as vacinações entre os países. “Enquanto a vacina não chegar, o vírus vai avançar”, alerta a professora, em entrevista ao ‘Valor’. “O risco que o país corre é ficar isolado do mundo, como foco de variantes mais contagiosas e letais. Vamos ter muitas vidas perdidas, que podíamos evitar”, lamentou Castro, apontando para o risco de “ninguém querer receber ninguém vindo do Brasil”.

Ela lembra que o país poderia ter utilizado a infraestrutura do Sistema Único de Saúde (SUS) para acelerar a vacinação. “O Brasil tem capacidade de vacinar. Já vacinou 10 milhões de crianças contra pólio num só domingo”, ressaltou. “O sistema de saúde tem capilaridade e eficiência elogiada em todo mundo”.

Agora, observa Castro, só a vacinação poderá frear a doença. “[O lockdown] era uma medida preventiva que deveria ter sido tomada para não deixar a casa pegar fogo. Mas a casa já está incendiando. A eficiência é muito menor. Agora só a vacinação resolve”.

Da Redação, com informações de ‘UOL’ e ‘Valor’