O Brasil continua no centro das atenções na imprensa mundial pela condução criminosa da política ambiental levada a cabo por Jair Bolsonaro. O novo recorde de desmatamento na Amazônia – 11.088 quilômetros quadrados de floresta derrubados entre agosto de 2019 e agosto de 2020 – virou um escândalo na mídia europeia e norte-americana. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), sob Bolsonaro a destruição da floresta amazônia cresceu 9,5%. Segundo o Observatório do Clima, se for considerada a média dos dez anos anteriores à posse de Bolsonaro, o desmatamento cresceu 70%. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apurou uma média anual de 6.500 quilômetros quadrados de 2009 a 2018.
Na Europa, os jornais alardearam os números, considerados catastróficos e preocupantes, com a possibilidade de retaliação tanto da União Europeia quanto nos Estados Unidos, sob o governo de Joe Biden a partir de janeiro de 2021. As manchetes são alarmantes. “No Brasil, desmatamento na Amazônia é o maior desde 2008”, informa o Le Monde. No diário alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung o alerta é mais dramático: “A floresta tropical do Brasil está morrendo”. O inglês The Guardian é direto: “Desmatamento na Amazônia atinge o máximo de 12 anos sob Bolsonaro”. O diário britânico compara: “Uma área sete vezes maior que a Grande Londres foi perdida no que um ativista chamou de destruição ‘humilhante e vergonhosa’”.
O FAZ lembra que o Brasil se comprometeu a impedir a extração ilegal de madeira, mas isso não tem ocorrido e responsabiliza diretamente o líder da extrema-direita brasileira. “Lenhadores, criadores de gado, especuladores de solo – e um presidente impenitente – são os responsáveis”, informa o Frankfurter, em texto de Tjerk Brühwiller, correspondente para América Latina do respeitado jornal alemão. “Isso se deve principalmente à posição estúpida de Bolsonaro, que coloca os benefícios econômicos da Amazônia acima de sua proteção”, observa.
No influente jornal estadunidense The New York Times, a manchete replica reportagem da agência de notícias Reuters: “Desmatamento na Amazônia brasileira atinge a maior alta de 12 anos sob Bolsonaro”. O texto informa que, em 2020, a destruição da maior floresta tropical do mundo aumentou 9,5% em relação ao ano anterior para um território equivalente ao estado de Connecticut, no Sul da região da Nova Inglaterra.
Política negacionista perigosa
A notícia também ganhou as manchetes do inglês The Independent, responsabilizando diretamente o governo pelo resultado. “Bolsonaro é o culpado por reivindicar o desenvolvimento da Amazônia”, informa o jornal. A reportagem diz que o presidente brasileiro tem sido um líder entusiasta de mineradoras, criadores de gado e madeireiros ilegais que se deslocam para a região, uma das mais ricas de biodiversidade do planeta e lar de povos indígenas. “Bolsonaro, um negador do clima, insiste que não houve incêndios na floresta amazônica, chamando de ‘mentira’ as evidências produzidas por seu próprio governo mostrando milhares de focos de incêndio”, relata.
O senador Humberto Costa (PT-PE) está preocupado com os impactos e adverte: “O governo Bolsonaro, que desmontou o combate ao desmatamento e estimulou a destruição, está acabando com o Brasil”. Os desdobramentos na comunidade internacional também podem ser críticos e com impactos econômicos. Num informe publicado nesta semana, militares e estrategistas estrangeiros deixaram claro que a situação do desmatamento na Amazônia não é apenas uma questão de proteção do meio ambiente. “A Amazônia em risco coloca em risco a segurança do Brasil”.
Este é principal alerta do informe do Conselho Militar Internacional sobre Clima e Segurança. A entidade é formada por líderes militares, especialistas em segurança e instituições de segurança de 38 países, dedicados a “antecipar, analisar e enfrentar os riscos de segurança de um clima em mudança”. “O Brasil não está adequadamente preparado para os impactos dos fatores de estresse relacionados às mudanças climáticas previsíveis em sua segurança, economia, base de recursos naturais e infra-estrutura nacional crítica, especialmente suas usinas hidroelétricas e instalações militares”, indica o relatório.
Investidores em fuga
A política ambiental suicida de Jair Bolsonaro, conduzida de maneira criminosa pelo ministro Ricardo Salles, chegou a ser alvo de alertas de empresários e investidores estrangeiros. Em junho, quando os sinais de alta do desmatamento no Brasil voltaram a ganhar as manchetes da imprensa estrangeira e chamar a atenção dos governantes e da opinião pública internacional, quase 30 instituições financeiras globais passaram a exigir do governo brasileiro controle sobre o desmatamento.
A justificativa do apelo dos investidores é que a destruição da floresta cria “uma incerteza generalizada sobre as condições para investir ou fornecer serviços financeiros ao Brasil”. A advertência do mundo financeiro e global a Bolsonaro foi formalizado em carta entregue ao governo brasileiro. O documento mostrava que os investidores poderiam começar a sair da maior economia da América Latina se Bolsonaro não conseguisse conter a destruição ambiental. O alerta foi em vão.
Dizia o documento: “Como instituições financeiras, que têm o dever de atuar nos melhores interesses de longo prazo de nossos investidores, reconhecemos o papel crucial que as florestas tropicais desempenham no combate às mudanças climáticas, protegendo a biodiversidade e garantindo os serviços ecossistêmicos”.
A carta entregue ao Itamaraty e ao Ministério da Economia era assinada por 29 instituições financeiras, que administram no planeta mais de US$ 3,7 trilhões em ativos. Os signatários incluíram Legal & General Investment Management e Sumitomo Mitsui Trust Asset Management. O alerta dos investidores foi claro e direto: “Os títulos soberanos brasileiros também podem ser considerados de alto risco se o desmatamento continuar”. Em seis meses, nada foi feito. Pelo contrário, os números mostram um resultado catastrófico.
Da Redação