Em pronunciamento na tribuna da Câmara, na quarta-feira (28), o deputado Marcon (PT-RS) questionou os motivos que levaram a Polícia Federal a concentrar as investigações da Operação Zelotes na empresa de Luis Claudio da Silva, filho do ex-presidente Lula e “esquecer” as grandes empresas sonegadoras do país.
“A Operação Zelotes saiu do encalço do poder econômico para perseguir familiares de Lula sem qualquer motivo sólido ou aparente. Por que será?”, questionou.
“Em vez de investigarem as grandes e médias empresas que sonegam neste País, como o Grupo Gerdau, o Grupo RBS e a Marcopolo, lá no Rio Grande do Sul, estão investigando a filha do Gilberto Carvalho e o filho do Presidente Lula”, estranhou Marcon.
Segundo o deputado, esse tipo de ação da PF evidencia a proteção que a instituição faz às grandes empresas, em especial àquelas ligadas ao setor de comunicação. Como exemplo, ele cita o grupo RBS, afiliada da Rede Globo no Rio Grande do Sul e Santa Catarina e que encontra-se na lista dos grandes sonegadores da Operação Zelotes.
O deputado fez questão de lembrar que informações veiculadas nos órgãos de imprensa de circulação nacional revelam que a RBS, para se livrar de um débito no valor de R$ 150 milhões, pode ter pago R$ 15 milhões para agentes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) “sumirem” com a dívida.
“A cada dia fica mais claro, em se tratando da Zelotes, que a grande mídia do país que está envolvida em suborno e propina para agentes públicos reduzirem seus tributos junto aos órgãos arrecadadores, quer gerar uma cortina de fumaça para tirar de si o foco e apontar a mira para cima de agentes políticos”, criticou Marcon.
O deputado estranhou como uma operação fadada ao fracasso, uma vez que não tinha recursos para a força-tarefa, nem juiz federal despachando na velocidade de Sergio Moro (Operação Lava Jato) e, consequentemente, sem o impacto da espetacularização dos fatos, de repente, muda de foco, sai do encalço de grandes grupos econômicos — como a Rede Globo, bancos e empreiteiras e passa a perseguir a família do ex-presidente Lula.
“Esse fato foi o suficiente para transferir a Zelotes das páginas secundárias de jornais impressos para ganhar espaços de destaque – aqueles destinados às denúncias bombásticas, mesmo que denúncias vazias”, lamentou Marcon.
Para o deputado, é dessa forma que os grandes grupos econômicos do país agem quando se sentem atingidos. “Eles mandam recado para que não sejam investigados”, finalizou.
Do PT na Câmara