No próximo sábado, 25, é o Dia da Mulher Negra, Latino Americana e Caribenha, um marco da luta antipatriarcal e antirracista das mulheres.
As mulheres negras correspondem a 27% da população brasileira, em um cenário que mais da metade dos brasileiros são negros e negras: 54%. Essa maioria quantitativa, no entanto, está excluída da maior parte do acesso a direitos civis e sociais, sem acesso a políticas públicas essenciais e, portanto, é a que mais sofre com a pobreza: entre os mais pobres, três em cada quatro são pessoas negras.
O racismo estrutural da sociedade brasileira que empurra a população negra para uma situação de vulnerabilidade e, mais ainda, as mulheres negras não é novidade. Trata-se de um processo histórico que vem sendo combatido com muita luta e resistência ao longo dos séculos, não só no Brasil, mas principalmente na América Latina e Caribe – antigas colônias que recebiam escravizados da África e tiveram um impacto profundo na formação cultural e racial dos países.
Dentre os diversos marcos da luta das mulheres negras, está a origem do Dia da Mulher Negra, LatinoAmericana e Caribenha, atualmente oficializado no dia 25 de julho.
Origem
No início dos anos 90, diversos grupos de mulheres criaram uma rede internacional para discutir o combate ao machismo e racismo. Em 1992, elas organizaram o primeiro Encontro de Mulheres Negras, Latinas e Caribenhas e dataram o dia 31 de julho como marco oficial das lutas, que vem sendo pautado desde aquela época.
Apesar dos movimentos sociais e da luta permanentes das mulheres negras para pautar o marco de resistência na sociedade, a data não tinha institucionalidade, ou seja, não fazia parte do calendário oficial do governo brasileiro. Em 2014, a presidenta Dilma Rousseff institucionalizou esse marco estratégico do movimento de mulheres negras, oficializando o dia 25 de julho, data que homenageia também Tereza de Benguela, líder quilombola brasileira.
Tereza de Benguela
Nasceu no século 18 e viveu no atual de estado de Mato Grosso, próximo a Cuiabá. Foi esposa de José Piolho, que chefiava o Quilombo do Piolho. Com a morte do esposo, ela se tornou a rainha do quilombo. Sob sua liderança, os negros e indígenas que viviam no local conseguiram resistir por mais de vinte anos, até meados de 1770, quando foi morta por uma emboscada.
Gênero e raça
A importância de uma data específica para o Dia das Mulheres Negras, diferente do Dia Internacional da Mulher, se dá por conta das diversas especificidades e transversalidades das condições das mulheres negras.
Dentre elas, por exemplo, está a subrepresentatividade feminina que tem uma característica perversa quando se trata do recorte de gênero e raça. Em 2016, apenas 0,5% dos eleitos para prefeituras e câmaras de todo país eram mulheres negras — sendo que elas correspondem a 27% da população brasileira.
As mulheres negras sofrem mais violência obstétrica, abuso sexual e homicídio – de acordo com o Mapa da Violência 2016, os homicídios de mulheres negras aumentaram 54% em dez anos no Brasil, enquanto o índice de violência contra mulheres brancas recuou.
Além disso, as negras continuam compondo a base da desigualdade de renda, em 2018 elas recebiam em média menos da metade do salário de homens brancos (44,4%) que ocupam o topo da pirâmide salarial no Brasil. Em comparação com as mulheres brancas, a diferença salarial é de 70%.
Da Redação, Agência Todas