No momento em que o país se expõe à alta transmissibilidade da variante Delta, cujas infecções por Covid-19 começam a se intensificar, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu suspender a importação e uso da vacina Sputnik V no país. A decisão foi condenada pelo governador do Piauí e presidente do Consórcio Nordeste, Wellington Dias, responsável pela negociação para a aquisição de 37 milhões de doses do imunizante. Recentemente, o Fórum dos Governadores, do qual Dias é representante na temática das vacinas, cobrou do ministro da Saúde Marcelo Queiroga ações para conter a variante Delta no país.
“É lamentável, o Brasil vive uma situação com alta mortalidade, mais de mil óbitos por dia”, advertiu o governador. Segundo Dias, a Anvisa fez uma alteração no padrão de teste e não emitiu a licença de importação, excluindo a vacina do plano nacional de imunização. O contrato com o Fundo Soberano Russo, responsável pela entrega das vacinas foi, portanto, suspenso até que o impasse seja resolvido pelo governo.
“Já havíamos tratado na última agenda o ministro Marcelo Queiroga sobre a presença da variante Delta”, relatou Dias. Para ele, o momento é de extrema preocupação: “Agora é o Rio de Janeiro, chegando na capital a quase metade das confirmações de Covid 19 pela variante Delta”.
O governador sustenta que estudos indicam que a vacina Sputnik é adequada para o controle da variante Delta. “Aqui, a burocracia é utilizada pra impedir a entrada vacinas”, criticou. “Vidas humanas pagarão por conta de decisões como essa”.
Instituto Gamaleya
O contrato firmado entre o Instituto Gamaleya (desenvolvedora do imunizante) e o Fundo Soberano Russo em março deste ano, previa a entrega de 37 milhões de doses, sendo o primeiro lote de 2 milhões de doses previsto para abril. Por conta de entraves, tanto da Anvisa como Ministério da Saúde, nenhuma dose desembarcou em território brasileiro. A suspensão da compra acontece em meio a divergências nos padrões de testes exigidos pela Anvisa, não solicitados para imunizantes de outros laboratórios.
O Fundo Soberano Russo informou que as vacinas que seriam destinadas ao Brasil serão enviadas agora para o México, Argentina e Bolívia. Segundo o grupo, assim que o Brasil liberar a importação, as vacinas estarão disponíveis para envio imediato.
“Não entendo a atitude de mais e mais dificuldades para ampliar mais vacinas para mais vacinação”, argumenta Wellington Dias. Devemos apoiar a Fiocruz para mais rapidamente ter IFAs aqui produzidos e já em produção, para autonomia na produção de vacinas. Precisamos liberar importação e uso da vacina Sputnik V, considerada em estudos de alta eficiência para conter a variante Delta”, concluiu.
Da Redação, com assessoria do governo do Piauí