Em artigo publicado neste sábado (16) na “Folha de S. Paulo” intitulado “O lado certo da história”, a presidenta Dilma Rousseff analisou o processo de impeachment inconstitucional do qual está sendo vítima – que chamou de “golpe de estado”.
“Vivemos sob a ameaça de um golpe de estado. Um golpe sem armas, mas que usa de artifícios ainda mais destrutivos como a fraude e a mentira, na tentativa de destituir um governo legitimamente eleito, substituindo-o por um governo sem voto e sem legitimidade”, afirmou.
A presidenta diz que, nestes tempos, a capacidade de diálogo, tolerância e respeito às diferenças políticas está sendo testada ao limite. “Vivemos dias decisivos para a jovem democracia brasileira. Vivemos tempos que colocam em risco o direito do povo escolher, por eleição direta, quem deve governar o nosso país”.
Para ela, se trata de um golpe sem armas mas que usa artifícios ainda mais destrutivos, “como a fraude e a mentira, na tentativa de destituir um governo legitimamente eleito, substituindo-o por um governo sem voto e sem legitimidade.
Dilma lembrou ser de uma geração que lutou pela democracia, que sofreu torturas extremas em busca da liberdade. Ela também destacou sofrer perseguição sem ter cometido crime algum.
“Fazer oposição e criticar meu governo é parte da democracia. Mas derrubar uma presidenta legitimamente eleita, sem que tenha cometido qualquer crime, sem que seja sequer investigada em um processo, não faz parte da democracia”.
“Maior fraude da história”
A presidenta chamou a tentativa de golpe de “a maior fraude jurídica e política” da história do Brasil, diz que querem condenar uma inocente que criou leis contra a corrupção para salvar corruptos e clamou ao povo para prestar atenção nas personalidades políticas que estão à frente do processo.
“Será que estes que lideram o golpe permitirão que o combate à corrupção continue?”, indagou.
Ela garantiu que a crise se aprofundaria e se prolongaria com o golpe e que, apesar de toda crise, as políticas sociais continuam em curso, como o ProUni, Fies, Pronatec, Bolsa Família, Mais Médicos e Minha Casa, Minha Vida. “Jamais rompemos ou romperemos com os compromissos por um Brasil justo e inclusivo, de todos os brasileiros e brasileiras”.
Dilma destacou que a inflação começou a diminuir, o superávit da balança comercial é crescente, as reservas internacionais são elevadas e, ao contrário do que tentam mostrar a imprensa, o investimento estrangeiro continua vindo para o Brasil.
Além disso, anunciou acordo com os governadores para alongar o prazo das dívidas estaduais e disse que enviou ao Congresso proposta para ampliar os recursos em gastos fundamentais, em especial nas áreas de saúde e educação.
Pacto nacional
Após vencida a batalha do impeachment, Dilma propõe construir um pacto nacional que envolva, sem exceção, todos os segmentos da sociedade para construir novas propostas para desenvolver o Brasil. “Propostas que devem ter como premissas a continuidade dos programas sociais e o respeito aos direitos de todos os cidadãos”.
Ela também pediu calma à população durante a votação do impeachment. “Faço um apelo aos brasileiros que estarão nas ruas, mobilizados, nos próximos dias, até que o golpe de estado seja derrotado. Acompanhem os acontecimentos com atenção e, sobretudo, com calma e em paz. Peço calma e paz a todos – aos que são contra mim e aos que estão comigo e contra o golpe”.
Sobre os deputados que votarão a favor da democracia, Dilma afirmou: “A história, que fará nosso julgamento definitivo, vai honrar a biografia de vocês, tanto quanto vocês estarão honrando seu país ao votar contra um impeachment ilegal. Quem defende a democracia nunca se arrepende. A democracia é sempre o lado certo da história”.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da Folha de S. Paulo