Três anos depois de a ex-presidente Dilma Rousseff deixar definitivamente o Palácio da Alvorada, Michel Temer, que foi de vice a apoiador do processo que tirou a petista da presidência, assumindo seu lugar, admitiu publicamente que o impeachment foi uma armação e usou pela primeira vez a palavra ‘golpe’. A declaração foi feita em uma entrevista ao programa Roda Viva, em 16 de setembro deste ano.
Na última semana, em entrevista à GloboNews, Temer confirmou que o golpe foi vingança de Eduardo Cunha contra o PT. E definiu como “um equívoco do PT” o gesto de não apoiar o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, contra sua cassação, para assim evitar que ele aceitasse o processo de impeachment. “Eu penso que se o PT tivesse votado com ele [Cunha] naquela comissão, ele estava com boa vontade para eliminar o impedimento”, afirmou.
Em entrevista exclusiva ao 247, Dilma contesta a tese de Temer de que poderia ter evitado o processo de impeachment caso o PT tivesse ficado do lado de Eduardo Cunha no processo que acabou cassando seu mandato por quebra de decoro. “Quem segue princípios éticos e se posiciona contrariamente a propostas despudoradas de barganha política nunca erra”, argumenta.
Dilma avalia ainda que, independentemente do processo contra Cunha, o golpe contra ela seria executado. “Um aspecto, todavia, merece ainda ser ressaltado. Hoje, analisando os fatos, creio que o processo de impeachment seria aberto de qualquer maneira, mais cedo ou mais tarde. Era imprescindível para Eduardo Cunha e Temer que ele fosse aberto e prosseguisse”.
Diante das declarações recentes de Temer, Dilma questiona: “Se Cunha, como retaliação, autorizou a abertura do processo de impeachment contra mim, porque Michel Temer não o denunciou por desvio de poder?”. E lembra o verdadeiro motivo para lhe tirarem do poder, resgatando o diálogo entre Sérgio Machado e Romero Jucá: “estancar a sangria”. “Temer foi o maior beneficiário do golpe de 2016”, completa Dilma.
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Por Brasil 247