A presidenta eleita Dilma Rousseff participou na noite desta quarta-feira (7) do “Encontro de mulheres pela educação, direitos e democracia” realizado pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp).
O ato, realizado em desagravo ao golpe, contou também com as presenças do ex-ministro da Educação Aloizio Mercadante, dos vereadores Juliana Cardoso e Eduardo Suplicy, da ex-ministra Eleonora Menicucci, a presidenta da Apeoesp Maria Izabel Noronha, dirigentes do PT, da CUT e movimentos da educação.
A presidenta se emocionou ao assistir um mini documentário exibido durante o encontro que abordou sua história política, passando pelo governo Lula, suas duas eleições até o golpe parlamentar de 2016.
Além de homenagens à presidenta eleita, o evento foi marcado também pelo lançamento da segunda parte do livro “Enciclopédia do Golpe: o papel da mídia”.
Em seu discurso, que precede o Dia Internacional da Mulher, Dilma defendeu a democracia e denunciou o caráter misógino do golpe, passando pela maneira como a imprensa a retratava até declarações machistas feitas pelo golpista Michel Temer.
“O golpe tem vários aspectos, incluindo, pelo fato de eu ser presidenta, usar minhas características como mulher para construir esterótipos com muito sexismo. Eu era dura, insensível, ao mesmo tempo frágil e que eu “deveria reconhecer meu lugar”. Já os homens são tratados como empreendedores, trabalhadores e merecedores”.
Além da misoginia, Dilma traçou outros perigos do oligopólio da mídia brasileira que, de acordo com ela, geraram o surgimento de figuras como o reacionário Jair Bolsonaro (PSC). “A mídia controla a informação com uma economia ultra concentrada que cria o oligopólio de algumas famílias. Daí podemos traçar algumas outras características do golpe: a disseminação da intolerância, do anticomunismo, agora travestido de anti-petismo”.
A presidenta falou sobre a cultura de exclusão da elite brasileira e os objetivos da agenda neoliberal implantada no país: enquadrar o Brasil economicamente, socialmente, politicamente e geopoliticamente.
Apesar de todo desmonte provocado pelo governo golpista, Dilma comemorou os progressos feitos pelos governos do PT que ajudaram a mudar a vida dos brasileiros, como as cotas raciais no ensino superior.
“Junto ao Mercadante alcançamos algumas realizações que tenho imenso orgulho, como a política de cotas. Naquele momento tratamos dessa questão gravíssima que existe no Brasil: a ocultação sistemática da nossa recente história escravagista”, declarou, citando o fato de elites negarem os crimes e a desigualdade de oportunidades, além do racismo, resultantes desse período tão recente e lamentável da história do país.
Defesa de Lula
Durante o evento, também marcado pela defesa da democracia e do direito de Lula ser candidato, Dilma falou sobre a decisão do Superior Tribunal de Justiça de não conceder o habeas corpus ao ex-presidente Lula.
“Ontem (6) a perseguição política atingiu para mim um limear que eu não queria ter visto. Acho que é muito ruim para o país um processo que desmoraliza nossos sistema judiciário (…) Vemos dois pesos e duas medidas quando se trata do nosso presidente Lula. Uma coisa é não gostar dele, ter outra posição, outra é a Justiça trata-lo de maneira diferente. Enquanto um presidente ilegítimo governa esse país, com acusações claras de corrupção, provas, gravações, a imprensa e a Justiça dizem que um imóvel, do qual Lula não tem propriedade, não tem posse, torna-se prova!”.
De acordo com Dilma, Lula será candidato. “Lula tem uma grande capacidade de intuir momentos. Sempre foi uma característica dele e uma vez ele disse que estaria nessa eleição em qualquer situação. Que não teria como tira-lo, preso ou solto, condenado ou absolvido”.
E finalizou: “A presença dele (na eleição) não depende mais dele, depende de nós. Ele é o símbolo da luta popular”.
Veja como foi o encontro:
Da redação da Agência PT de Notícias