Em entrevista publicada nesta quarta-feira (25) no El País, Dilma Rousseff, que está em Madri para participar de atos da central sindical UGT e do Partido Comunista da Espanha, classificou o desgoverno de Bolsonaro de neofascista, além de comentar sobre o golpe que sofreu três anos atrás e as recentes denúncias da Vaza Jato.
Questionada sobre as ações de Bolsonaro em relação ao meio ambiente, Dilma foi enfática ao dizer que o que impera é a destruição. “Está destruindo não só a Amazônia, mas também a soberania do Brasil. O país tem uma área de preservação em um entorno que é 11 vezes o tamanho da Espanha. Tudo isso está sendo ameaçado. O processo já começou com o Governo anterior, de Michel Temer, mas meio que às escondidas, pelas beiradas. Bolsonaro não. Bolsonaro assumiu atitudes muito graves: por exemplo, fechou o Conselho Nacional do Meio ambiente (Conama). É uma política deliberada. Bolsonaro deixou explícito seu objetivo de exploração mineradora da zona. A Amazônia é uma epifania”, disse.
Já em relação ao golpe, a ex-presidenta afirmou que sofreu uma armação para que fosse possível a criação do cenário para a futura eleição de Bolsonaro. “Foi um golpe de Estado. Minha saída foi o primeiro ato de uma peça teatral que não acabou. O segundo foi colocar um Governo que adotou medidas não aprovadas pelas urnas e uma reforma trabalhista que precariza o trabalho e que nós não teríamos feito. Isso cria o ambiente para a chegada de Bolsonaro. A Rede Globo de televisão difunde que o Brasil está quebrado. Como que estava quebrado? O Brasil estava quebrado quando Lula chegou ao Governo.”
“Os golpistas dão um golpe para implantar um modelo neoliberal. Foram irresponsáveis, uniram uma crise política a uma econômica e começaram a vislumbrar que havia uma possibilidade de que Lula voltasse para a presidência. Primeiro, começam a fazer gestos para criminalizá-lo e, como não conseguem, o condenam e o encarceram. Continuava sendo o favorito para as eleições”, completou.
Dilma falou ainda sobre a Vaza Jato e a prisão política e injusta de Lula. “Cometeram irregularidades e uma série de atos ilegais e irregulares. E ainda mais grave, esses vazamentos demonstraram que não tinham provas contra Lula e que forçaram denúncias falsas. Segundo, agiram de forma política. Em relação ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que tinha a mesma situação que Lula, Moro escreveu: ‘Não convém investigar um aliado’. Comprometeu-se a Justiça brasileira. Um juiz não pode comportar-se como um acusador. Não sei como essa situação vai se desenrolar num Governo neofascista como o de agora, que ataca todos os setores.”
Sobre voltar para a vida política, Dilma afirmou: “Eu estou na política. Acredito na política em sentido grego, como serviço público.”
Confira a entrevista na íntegra.
Da Redação da Agência PT de Notícias com informações do El País