A presidenta Dilma Rousseff recebeu apoio, nesta quinta-feira (1º), por meio de uma Carta Aberta assinada por ex-perseguidos políticos. Na mensagem, eles ressaltam a defesa da democracia e o apoio à presidenta contra os ataques de ódio e intolerância.
“Não imaginávamos que as divergências políticas entre brasileiros chegassem ao ponto de ensaiar pedidos para sua desistência e renúncia, ou para instituir doloroso pedido de impedimento à permanência na Presidência do Brasil”, destaca a carta.
O objetivo da carta é “levar o apoio e a certeza de que a democracia que arduamente conquistamos deve suportar o questionamento, a crítica, a divergência, mas não pode sucumbir ao ódio, ao preconceito e principalmente aos interesses individuais e menores de qualquer natureza”.
Leia a carta na íntegra:
Carta Aberta à presidenta Dilma Rousseff
O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta, esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. (João Guimarães Rosa)
Presidenta Dilma,
Para iniciar nossa mensagem, escolhemos as palavras que a senhora usou em seu discurso de posse.
Não imaginávamos que as divergências políticas entre brasileiros chegassem ao ponto de ensaiar pedidos para sua desistência e renúncia, ou para instituir doloroso pedido de impedimento à permanência na Presidência do Brasil.
Nosso objetivo nesta mensagem é singelo: levar o apoio e a certeza de que a democracia que arduamente conquistamos deve suportar o questionamento, a crítica, a divergência, mas não pode sucumbir ao ódio, ao preconceito e principalmente aos interesses individuais e menores de qualquer natureza.
A construção desta democracia foi erguida à custa da defesa intransigente da liberdade e da justiça, sequestradas durante os 21 anos em que vigorou a ditadura civil-militar. O contingente de homens e mulheres que buscou resgatá-las reuniu notáveis e anônimos. Muitos pagaram com a vida a ousadia, outros trazem no corpo e na alma as sequelas da prisão, da tortura, do exílio. Permanece a dor indignada pelos assassinados e desaparecidos.
Sabemos que a fragilidade do momento, atravessado por denúncia de corrupção e de questionamentos de decisões políticas e econômicas, deve ser processada dentro das diretrizes republicanas que sustentam o Brasil. Não podemos sucumbir às múltiplas reordenações de interesses dos que ontem apoiaram e hoje saem afoitos na busca de interesses próprios. E sabemos também que toda a investida contra a continuidade e cumprimento do seu mandato visa diretamente o Estado Democrático de Direito, conquistado pelas nossas lutas ao lado de milhões de outros brasileiros e brasileiras, e consolidado na Constituição de 1988.
Imaginamos também, presidenta Dilma, que a solidão dos dirigentes é contingência que os fortes podem suportar se tiverem a certeza de que não estão sós.
Presidenta, a senhora não está só.
Somos homens e mulheres notáveis e somos anônimos. Somos os perseguidos políticos que estivemos presos, torturados, clandestinos, exilados, banidos, cassados e aposentados; somos familiares de mortos e desaparecidos políticos, e escolhemos um lado. Estamos ao seu lado.
Somos seus eleitores e muitos, seus amigos. O que nos aproxima é a certeza de que ao lhe havermos escolhido para dirigir o país, apostamos na ousadia de ter uma presidenta com um projeto de país mais justo e inclusivo, e a convicção de que a construção de uma democracia não deve sucumbir aos questionamentos que podem servir para aperfeiçoá-la.
Confiamos na escolha que fizemos ao entregar em suas mãos nossas melhores bandeiras. Acreditávamos e continuamos a acreditar que devem permanecer em suas mãos durante todo o tempo previsto para cumprimento deste mandato.
Nosso apoio e solidariedade.
Setembro de 2015
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do Portal Vermelho