A entrevista foi acompanhada por internautas que puderam enviar comentários e perguntas para a ex-presidenta. Dilma fala tanto da prisão na ditadura quanto o golpe que sofreu com tranquilidade e segue acreditando na organização do povo, nas lutas fundamentais e que as pessoas devem responder por suas ações ao longo da história.
A questão do petróleo foi o primeiro tema abordado e a ex-presidenta, uma especialista nesse assunto, explicou “didaticamente” o funcionamento da Petrobras, sua importância e porque as ações desastrosas do governo Bolsonaro geram tantos aumentos de combustíveis. “Eles estão fazendo o seguinte, desde o governo Temer: subordinando o preço internacional do petróleo às projeções de commodities.
O que está acontecendo, para ela, “é extorsão do povo brasileiro com esses aumentos dos combustíveis, ataque à soberania nacional e quebrando o bolso do trabalhador, fazendo ele passar fome com o preço do gás de cozinha”, explicou, lembrando que o problema “não se resolve pelos tributos, e não são eles os responsáveis pelo aumento do petróleo e não adianta culpar os governadores. É extremamente grave a situação”.
Dilma foi convidada a falar do passado, do presente e do futuro e lamentou o “mar de lama” que vive o Brasil e pode voltar a falar sobre a injustiça que foi o processo contra “pedaladas fiscais que foram transformadas em crime, também pela Lava Jato, que corrói o Judiciário”.
“O clima no Brasil é muito grave”, disse a ex-presidenta ao relatar as incongruências e erros do Judiciário e as consequências para o sistema político, que foi corroído pela ação destruidora da democracia gerada pela Lava Jato.
Dilma acredita na importância de entender os processos e elencou vários exemplos contra os “engavetadores da União” e que as práticas positivas do Ministério Público que fizeram o Brasil avançar precisam ser valorizadas, apesar dos erros e crimes dos envolvidos na Operação Lava Jato: “é preciso analisar profundamente as instituições para que não se repitam erros”.
E para ela, em função das comprovadas ações coordenadas dos procuradores da Lava Jato, “os processos de Lula deveriam ser todos anulados. As virtudes de Lula são muitas, uma pessoa capaz de negociar com todo mundo, mas nunca negocia os interesses do Brasil e do povo trabalhador”.
A pandemia, os absurdos números das mortes no país e a questão do Auxílio Emergencial foram também comentados por Dilma, que acredita que Bolsonaro “está rompendo o pacto federativo”, além de cobrar vacinas para todos e todas.
“A condição é vacinação. O que explica que até hoje não tenha a vacina russa ou Coronavac na dimensão que precisamos ter?”. Para Dilma falta articulação do governo federal e defendeu que o PT tem direito de “colocar o bloco na rua com Fernando Haddad” e mantem a crença na importância vital para o desenvolvimento do país da educação como pilar fundamental para construção de conhecimento e tecnologia.
Além da conjuntura, Dilma lamentou a destruição de empresas como a Embraer ou a indústria naval que, para ela, causa revolta por simbolizar a entrega da indústria nacional. “Vai acontecer a mesma coisa com os Correios, sonho de consumo da Amazon. Não vou nem falar da Eletrobras, que no caso do cardápio de Bolsonaro será racionamento ou apagão”.
Questões ideológicas, as falas dos torturadores contra os presos políticos, o legado de seu governo, o golpe e as impunidades, o PT, os processos contra Lula, a ação de hackers que inclusive comprovam as ilegalidades da Lava Jato, entre outros temas fizeram parte da entrevista. Assista a íntegra da entrevista aqui.
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Da Fundação Perseu Abramo.