“Eu morei sempre na Liberdade”. A frase de José Dirceu ao entrar na sala pode ser, a princípio, apenas um comentário de alguém que se lembrou do período que morou em São Paulo. Mas não no caso dele. Um militante cuja trajetória de luta se confunde com a história do Brasil. Um dirigente que mesmo no cárcere continuou a estudar e pensar os problemas do país.
E foi privado da liberdade que Dirceu escreveu o livro “Memórias – Volume 1”, obra que ele apresentou nesta quinta-feira (30) no Centro de Estudos da Mídia Alternativa “Barão de Itararé”. A escolha do local, por sua vez, não foi aleatória, afinal ele sabe a capacidade de manipulação da imprensa golpista do Brasil. “A candidatura de Lula não existe na imprensa. Eles impediram. Não dão mais notícias. Não há como falar em liberdade de expressão porque os veículos não informam mais, eles formam. Eles querem te convencer e não informar”, critica Dirceu.
Na sala, as cerca de 30 pessoas, entre jornalistas da imprensa independente, amigos e militantes, aguardavam a análise de Dirceu sobre o panorama político e eleitoral do país. “É preciso fazer uma correta avaliação do momento do Brasil. Vivemos um grave problema estrutural. Lula havia feito uma revolução social e cultural. E é por isso que eles querem banir ele e o PT”, aponta.
Para o ex-ministro do governo Lula, o Golpe de 2016 e a condenação do ex-presidente tinham como objetivo a retomada das políticas neoliberais e excludentes. “Umas das principais metas era o Pré-sal, que levaria a uma verdadeira revolução na Educação, na Saúde e na Ciência brasileira. Por isso o golpe e eu me surpreendo com quem não percebe isso”, revela.
Lula, povo e a juventude
Dirceu, no entanto, ressaltou que os golpistas não tiveram sucesso no seu objetivo, uma vez que Lula é líder absoluto em todas as pesquisas eleitorais. O ex-ministro também destacou o posicionamento da comunidade internacional em relação à farsa jurídica montada contra o ex-presidente.
“Eles não contavam com a memória vivida do trabalhador brasileiro. Acharam que com o massacre que fizeram, Lula estaria fora da disputa. O Brasil hoje não é mais respeitado internacionalmente como já foi. E é por isso que Lula tem toda essa força. Porque ele plantou as sementes de um país mais justo”, explica.
Para Dirceu, as Eleições 2018 são fundamentais para o futuro do Brasil, porém é preciso trazer a população para o centro do debate político do país. “É preciso fazer uma organização que vá ao coração do povo. Temos de nos armarmos com ideias e propostas. Os partidos precisam trazer os jovens para a discussão, pois são eles que serão atingidos. Nos dez ou quinze anos que me restam de vida, quero percorrer o Brasil com a juventude para formar uma poderosa força política social”, declara.
Por Erick Julio, da Agência PT de Notícias