Desde o início da divulgação das investigações da Polícia Federal (PF) e Ministério Público (MP) sobre desvios financeiros praticados dentro da Petrobras, desde o ano de 1997, a maior produtora de petróleo do mundo entre as de capital aberto, vem sendo massivamente exposta de forma negativa, pela imprensa principalmente, edificando uma imagem da estatal que não condiz com sua realidade.
Cansados de assistirem ao ataque sistemático à empresa, os mais de 86 mil servidores partiram para a defesa do patrimônio brasileiro, detentor de reservas comprovadas de 16 bilhões de barris de óleo equivalente (boe).
Munidas de papel, caneta e redes sociais, as servidoras da estatal, deflagraram uma campanha. O protesto consiste em postar nas redes um autoretrato com os dizeres “sou melhor que isso”, acompanhado de #soupetrobras.
A reação dos trabalhadores é explicada nesta à Agência PT de Notícias pelo diretor-geral do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), Emanuel Cancella. Ele afirma estar preocupado com a forma como a companhia tem sido agredida, desvalorizada e vilipendiada pelos ataques da oposição e setores da mídia, com o objetivo de prejudicar o governo da presidenta Dilma Rousseff.
“O maior pecado de Dilma foi dizer, na eleição, que defende a Petrobrás e que ela vai ser nosso passaporte para o futuro. Pois a direita brasileira, que foi contra a criação da Petrobrás, agora quer usurpá-la”, afirma. Leia a íntegra:
Agência PT – Quais as propostas dos servidores para evitar a exposição negativa que por ora passa a empresa?
Emanuel Cancella – Infelizmente, a imprensa brasileira só quer falar mal da Petrobrás. Os estrangeiros acabaram de conceder o “Oscar” da indústria de petróleo à Petrobras, o Offshore Tecnology Conference 2015 (OTC) . Ninguém noticiou isso no Brasil. Além do “Oscar”, a Petrobras, durante a operação “Lava Jato”, aumentou a capacidade de refino, passou a americana Exxon Mobil e é a primeira na produção de óleo no mundo e a quarta na produção de óleo e gás. Além disso, o pré-sal já produz mais de 700 mil barris por dia, o suficiente para abastecer países como Uruguai, Paraguai, Bolívia e Peru, juntos.
A quem interessa essa exposição negativa?
O maior pecado de Dilma foi dizer, na eleição, que defende a Petrobras e que ela vai ser nosso passaporte para o futuro. Pois a direita brasileira, que foi contra a criação da Petrobras, agora quer usurpá-la, tenta usar a corrupção na empresa para, de uma só cajadada, destruir a Dilma e a Petrobras. O operativo do petróleo, realizado nesta semana, está marcando um encontro nacional, dia 20 de março, no Rio, para discutir a defesa da Petrobras, o fim dos leilões e a luta contra qualquer tentativa golpista. Caso não consigam privatizar a Petrobras, a grande mídia pretende, no mínimo, manchar a imagem dela, para forçar o governo a abrir mão do “conteúdo local”, com a Petrobras sendo operadora de todos os campos do pré-sal. Querem também mudar a lei de partilha, que tem um fundo nacionalista, criada no governo Lula, retornando à lei de concessão de FHC, que entrega o nosso petróleo de mão beijada aos gringos.
O que o sindicato pensa sobre a reestatização da empresa?
Faz parte da nossa campanha “Todo o Petróleo tem que ser Nosso!” A Petrobras 100% estatal e pública. A volta do monopólio estatal e o fim dos leilões de petróleo. Tudo isso está inserido na lei dos movimentos sociais, que está parada no Senado Federal. Essa lei é subscrita pelos partidos de esquerda, PT, PCdoB, Psol, PSTU, pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), Federação Nacional dos Petroleiros |(FNP), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (SMT), várias centrais sindicais e um grande número de entidades do movimento social, como Central ùnica dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Central Sindical e Popular (CSP Conlutas) e União Nacinoal dos Estudantes (UNE).
Qual a posição do sindicato diante do fato de a proporção de servidores ser de um concursado para quatro terceirizados?
O movimento sindical petroleiro sempre cobrou concurso público na Petrobras. Várias unidades já fizeram mobilizações cobrando aumento no efetivo. Somos contra a terceirização, mas não somos contra os terceirizados. Travamos várias lutas em defesa desses trabalhadores. Agora estamos apoiando a luta de cerca de 600 trabalhadores do Comperj, que estão sendo massacrados, pois estão sem salário, e como não houve rescisão contratual formalizada, estão também sem acesso ao auxilio desemprego, desde dezembro.
Qual a avaliação e a posição do sindicato em relação como a imprensa tem tratado tanto os casos de corrupção quanto a empresa?
Sim, existe corrupção na Petrobras, e tem que ser combatida, levando os corruptos e corruptores para a cadeia e confiscando seus bens. Mas, enquanto a Petrobras tem duas CPIs para investigá-la, o Superior Tribunal Federal (STF) acabou de arquivar o Trensalão do metrô de São Paulo, escândalo que envolve em propina três governadores tucanos: Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin. A imprensa, principalmente a Globo, sempre quis destruir a Petrobras. Nas privatarias tucanas, na década de 90, a Globo comparava a Petrobras a um paquiderme e chamava os petroleiros de marajás.
Os servidores tem alguma influência nas decisões de diretoria?
Com muita luta conseguimos, no governo Lula, a oportunidade de eleger diretamente um membro no Conselho de Administração. É muito pouco. Gostaríamos que toda a direção da Petrobras fosse eleita diretamente pelos petroleiros. Pois, são esses trabalhadores que levam a companhia a ser uma das maiores empresas de energia no mundo.
Por Guilherme Ferreira, da Agência PT de Notícias