O Brasil tem assistido, nos últimos dias, diversas ações de violência praticadas por apoiadores de Jair Bolsonaro e respaldadas pelos discursos de ódio propagados pelo candidato, um político que considera razoável disseminar falas que ataquem diferentes grupos sociais, desde seus opositores até as minorias.
Um levantamento inédito realizado pela Agência Pública em parceria com a Open Knowledge Brasil revela que houve pelo menos 70 ataques nos últimos 10 dias no país.
O fato é que ao espalhar esses discursos, ele acaba por legitimar as ações de seus seguidores. É o que diz o professor de Gestão de Políticas Públicas, Pablo Ortellado. “As declarações feitas por ele durante sua longa pré-campanha foram bem graves, e tem um setor extremista que se sente respaldado por essas declarações, e eles se sentem autorizados a externar esse tipo de comportamento altamente intolerante”.
Um dos exemplos de discurso violento feito pelo candidato aconteceu durante um de seus comícios, no Acre. “Vamos metralhar a petralhada”, disse Bolsonaro, enquanto utilizava um tripé de câmera para simular uma arma.
Semanas depois, em Salvador, o mestre capoeirista Moa do Katendê foi morto a facadas por um seguidor do candidato que confirmou o motivo político do crime.
Neste sábado (6), um jovem foi espancado em Teresina (PI) por estar vestindo uma camisa vermelha. Os homens que o agrediram vestiam blusas com o rosto e nome de Bolsonaro.
Segundo Pablo, as declarações feitas pelo candidato são gravíssimas, além de preocupantes, mas ele insiste em não admitir influência sobre as ações violentas de seus seguidores. “Ele tem enfatizado que são pessoas que agem por iniciativa pessoal, e me parece que qualquer candidato que tem seus eleitores agindo de forma violenta assim precisa ter uma posição firme e não discursos protocolares, e o que me preocupa é o aumento da intolerância política diante desse cenário”, diz o professor.
Outra afirmação agressiva de Bolsonaro foi de que nordestinos deveriam comer mato: “Eleitores do Lula como acabou a mortadela, sobrou o capim pra vocês”.
No dia 6, uma mulher de 53 anos foi agredida durante uma carreata do PT em Maringá. Testemunhas contam que o agressor chegou pilotando uma moto com adesivo de campanha do candidato do PSL.
“O filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um coro, ele muda o comportamento dele”, foi a declaração feita por Bolsonaro sobre homossexuais em um debate na TV Câmara, em 2010. Em 2002, em comentário após Fernando Henrique Cardoso segurar uma bandeira LBTG+, Bolsonaro disse: “não vou combater nem discriminar, mas, se eu vir dois homens se beijando na rua, vou bater”.
No dia 3 de outubro, um cabeleireiro gay de 57 anos foi encontrado morto em seu apartamento em Curitiba, o suspeito voltou ao local do crime e gritou ‘Viva Bolsonaro’.
Outro exemplo de discurso de ódio feito pelo candidato aconteceu na Câmara após um protesto contra ele. “Minoria tem que se calar, se curvar a maioria”.
Nesta segunda-feira (8), a irmã de Marielle Franco – vereadora assassinada no RJ em março – estava com sua filha de dois anos no colo quando foi agredida por homens vestindo camisetas em apoio ao candidato.
Uma médica de um hospital público de Natal rasgou a receita que havia dado a um paciente idoso de 72 anos, após ele dizer que havia votado em Fernando Haddad.
O candidato também disse que “mulher deve ganhar salário menor porque engravida. Quando ela voltar [da licença-maternidade], vai ter mais um mês de férias, ou seja, trabalhou cinco meses em um ano”, durante entrevista ao jornal Zero Hora.
Em Porto Alegre, uma jovem de 19 anos foi agredida e marcada com uma suástica feita com um canivete por apoiadores de Bolsonaro. Ela conta que estava usando uma camiseta contra o candidato, quando três homens a abordaram.
Uma funcionária da campanha de Guilherme Boulos foi ameaçada com arma de fogo por um simpatizante do candidato do PSL.
“Não te estupro porque você não merece”, a afirmação foi feita por Bolsonaro para a deputada federal, Maria do Rosário.
Jornalista no Recife foi atacada e ameaçada de estupro no último dia 7 por dois homens que a chamaram de comunista e esquerdista, um deles vestia a camisa de Jair Bolsonaro, segundo a vítima. Ela teve hematomas no rosto e cortes nos braços.
Outra fala violenta de Bolsonaro foi contra o MST e o MTST. “A propriedade privada é sagrada. Temos que tipificar como terroristas as ações desses marginais. Invadiu? É chumbo!”.
Um estudante da UFPR que usava um boné do MST foi espancado na noite desta terça-feira (9) por um grupo da torcida da Império, do Coritiba, aos gritos de “Aqui é Bolsonaro”.
“Isso acabará com os milhões de dinheiro público financiando ‘famosos’ sob falso argumento de incentivo” e “Foi um movimento de artistas que mamam na Lei Rouanet”, são declarações feitas por Bolsonaro como crítica a lei Rouanet.
Um professor do ensino médio foi ameaçado de morte por apoiadores de Bolsonaro, após ter citado a lei Rouanet em uma aula sobre história do cinema.
“O erro da ditadura foi torturar e não matar”, afirmação feita no programa Pânico, da Band. “Sou capitão do Exército, minha missão é matar”, disse durante palestra em Porto Alegre. “Pinochet devia ter matado mais gente”, alegou em entrevista à revista Veja.
Eleitores de Jair Bolsonaro levaram armas de fogo para as cabines de votação. Eles fotografaram e gravaram vídeos com os revólveres.
Durante um almoço em um restaurante tradicional de Curitiba, o candidato também disse que “da próxima vez quero ver 200 pessoas armadas aqui dentro”.
Um cachorro foi atingido por arma de fogo durante carreata em apoio ao candidato, em Muniz Ferreira, na Bahia. O animal morreu no local.
Da Redação da Agência PT de Notícias