Mais de dez, quinze e até vinte horas de viagem de ônibus, carro e avião. Assim vieram os brasileiros e brasileiras de mais de 20 estados do Brasil para celebrar a chegada de 2019 na Vigília Lula Livre, em frente à Superintendência da Policia Federal, em Curitiba (PR), onde Luiz Inácio Lula da Silva é mantido desde o dia 7 de abril. Também estiveram presentes parlamentares, representantes de partidos e movimentos sociais.
“Eu resolvi vir passar o Ano Novo aqui na Vigília Lula Livre em agradecimento por tudo o que ele fez por mim e pela minha família. Graças ao PT eu consegui colocar dois filhos meus na faculdade. Já no passado eu e meus irmãos tínhamos que parar de estudar quando nosso material escolar acabava”, disse Vilma Pereira da Silva que veio na caravana de São Paulo com mais 140 pessoas. Para ela, estar em Curitiba perto de Lula é muito importante. “Todo mundo que está aqui tem um motivo muito forte para agradecer”.
De Fortaleza, a servidora pública aposentada Tereza Viana veio de avião com mais outras duas amigas. Disse que sua vinda é para reforçar a resistência. “Considerando que essa prisão é política e injusta, viemos aqui para nos solidarizar. O valor simbólico de estar aqui é porque passagem do ano é momento de repensar e renovar e acho que esse lugar é o mais adequado neste momento”, disse emocionada
Artista independente de Belo Horizonte, conhecido como Zero, veio de caravana e trouxe livros de sua autoria para vender. Um dos livros, “Dom Lula, o cavaleiro da esperança”, é inspirado, segundo ele, na conjuntura atual. “Estamos caminhando para a Idade Média, né? Temos então nosso cavaleiro medieval para trazer a esperança.”
Maurino Lula Fideliz de Oliveira, petroleiro aposentado, veio do Espirito Santo, coordenando uma caravana que demorou 26 horas para chegar em Curitiba. “Valeu a viagem porque estamos aqui para também repudiar este judiciário manipulado, um governo fascista e mentiroso que mantém em cárcere político o maior líder de toda a história do Brasil,” disse.
A estudante de Direito, Tainá de Campos, veio de Lajes (SC) de carro com mais cinco amigos. “Somos Lula Livre e sabemos que ele foi preso para que ele não ganhasse novamente as eleições. Ele foi preso porque ele estava abalando os planos da elite”. Para ela, “lutar pela liberdade de Lula é o que nos motivou a estar aqui e sei que vou contar com orgulho essa história.”
Virada da Liberdade
Roberto Baggio, coordenador estadual do MST e também responsável pela organização do evento na Vigília, explicou que o dia inteiro foi pensado com atividades culturais, além dos momentos tradicionais como o Bom dia, Boa Tarde e Boa Noite Presidente Lula. “Desde o início da vigília, logo que Lula foi preso injustamente, as pessoas que aqui fazem a resistência se dirigem ao Presidente para saudá-lo. No dia de hoje será com a presença de mais de 2 mil pessoas de todo o Brasil.”
“Temos a representação do Brasil inteiro aqui nessa festa popular que está sintonizada com a solidariedade e apoio dos trabalhadores do mundo todo. A Vigília Lula Livre é hoje um dos maiores lugares de resistência. Nessa virada do ano, vamos então marcar a virada da Liberdade por Lula”, disse Baggio.
Um ato político com amigos de Lula e parlamentares aconteceu no final da tarde. As falas reafirmaram a importância do ato de resistência e a demonstração que a luta redobrará em 2019. Luizianne Lins, deputada federal pelo PT de Fortaleza, presente ao ato, em entrevista ao Brasil de Fato, disse que estar em Curitiba na virada do ano é para reunir mais forças. “Vir para cá neste dia e num momento desse é uma demonstração clara que sabemos que é uma prisão política e vamos nos somar a esta energia destas milhares de pessoas para chegar em 2019 com força para o que virá. O que vem são só novos desafios e vamos crescer muito!”, confia.
O ato contou com a presença dos deputados Rogério Correa (PT-MG), Alencar Santana (PT-SP), Geraldo (PT-PA), Valerio Arcari (PSOL), da deputada Luizianne Lins (PT-CE), Beatriz Serqueira (PT-MG) , Gleisi Hoffmann (PT-PR) e do presidente do PCO , Rui Pimenta, e Luiz Okamotto, presidente do Instituto Lula.
Emoção na chegada de 2019
A noite uma ceia foi servida e organizada coletivamente com base nas doações e vaquinhas entre os militantes. E à meia-noite, Fabiano, o trompetista entoou músicas do alto de um palanque montado no espaço da Vigília Lula Livre. Enquanto as músicas eram tocadas, as pessoas ali presentes voltaram os olhares para as janelas da Superintendência da Policia Federal. Um pouco antes da meia noite, ouvia-se da multidão “Não tem prova, não tem crime, Lula Livre, Lula Livre!”
No final da tarde, uma faixa escrita “Lula Livre”, com mais de 60 metros, foi estendida ao longo da rua que fica entre a Vigília e a sede da Policia Federal.
Por Brasil de Fato