O Partido dos Trabalhadores lançou, após reunião do Diretório Nacional no Rio de Janeiro, no fim de janeiro, um documento com 22 propostas para a retomada econômica, intitulado “Programa Nacional de Emergência”. No texto, são defendidas ideias como a queda da taxa de juros, reajuste do Bolsa Família, retomada da reforma agrária e tributária, estímulo ao investimento público, entre outras. Na avaliação do economista Guilherme Mello, da fundação Perseu Abramo, as propostas do partido são “criativas”.
O economista defende que, para o Brasil recuperar o crescimento, é preciso abandonar a estratégia de austeridade defendida pelo mercado financeiro e colocada em prática durante a gestão do ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy. “Em um cenário de crise, as medidas propostas pelo PT são estratégias criativas para conseguir solucionar impasses”, afirma Mello.
Dowbor calcula que, anualmente, são pelo menos R$ 880 bilhões pagos em juros no mercado livre no Brasil, considerando uma taxa média de 28% ao ano, e mais R$ 501 bilhões pagos pelo governo para pagar juros da dívida. O PIB no ano passado foi de R$ 5,9 trilhões. Assim, por esses cálculos, 23% da riqueza nacional foi absorvida para o setor financeiro, que não agrega valor produtivo ao país. A queda da taxa de juros é justamente o primeiro ponto do documento apresentado pelo PT.
Hoje, a meta da taxa Selic (taxa básica de juros) está em 14,25% ao ano. Essa taxa é estipulada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) e rege as demais taxas de juros da economia. Pela teoria econômica, a taxa de juros mais alta inibe o crédito e ajuda a controlar a inflação. Mas, para Guilherme Mello, a inflação hoje não está ligada à taxa de juros, nem a um excesso de demanda, e seria um erro manter a taxa tão alta tentando controlá-la.
“O PT reconhece que há um problema fiscal e uma necessidade de ajuste nas contas públicas. Mas esse ônus não pode cair sobre o trabalhador”, afirma Guilherme Mello. Por isso, algumas das propostas têm o objetivo de aumentar a cobrança de impostos dos mais ricos, como o Imposto sobre Grandes Fortunas, o IPVA para barcos e aviões, entre outras.
Inflação
Para Mello, a inflação hoje ainda reflete a subida dos preços administrados no passado, como a energia elétrica e a gasolina, além da desvalorização cambial e a inércia inflacionária. A inércia ocorre quando os empresários e comerciantes, com medo de perder rentabilidade, ajustam o preço olhando a taxa de inflação passada e, com isso, elevam a taxa de inflação futura.
Por Clara Roman, da Agência PT de Notícias