O corpo do ex-candidato à Presidência da República pelo PSB, Eduardo Campos, morto na quarta-feira (13) em um acidente aéreo, será enterrado no mesmo túmulo do avô Miguel Arraes – que também morreu em um dia 13 de agosto, há nove anos -, no cemitério de Santo Amaro, no Recife. A informação foi passada para a imprensa por representantes da família.
Ex-governador pernambucano por dois mandatos, Campos será velado no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo do estado.
Desde o início da tarde, amigos, correligionarios e politicos têm prestado solidariedade à Renata Campos (viúva de Eduardo), Ana Arraes (mãe do ex-governador) e aos cinco filhos do casal, na casa da família, no Recife.
O dentista de Eduardo Campos, Fernando Cavalcanti, viajou à tarde para São Paulo para ajudar no trabalho de identificação do corpo. Os chefes da Polícia Científica e da Casa Militar do governo de Pernambuco também foram ao local do acidente. De acordo com informação do PSB, também foi recolhido material genético de parentes para o reconhecimento do DNA.
Ainda de acordo com PSB, o governador de Pernambuco, João Lyra, aguardará um posicionamento do governo de São Paulo sobre a liberação dos corpos para ir, então, à capital paulista para acompanhar o traslado.
Política – O contato de Campos com as disputas eleitorais começou ainda na Universidade Federal de Pernambuco, quando foi eleito presidente do diretório acadêmico da Faculdade de Economia. Nascido no Recife em 10 de agosto de 1965, ele se graduou em economia aos 20 anos. Em 1986, começou a entrar na política ao participar da campanha que elegeu seu avô, Miguel Arraes, ao governo de Pernambuco.
Em 1987, Eduardo Campos assumiu a chefia de gabinete do governador Arraes, onde teve uma atuação destacada na criação da primeira secretaria de ciência e tecnologia do Nordeste. Em 1990, Campos filiou-se ao PSB e se elegeu deputado estadual em Pernambuco. Quatro anos depois, se elegeu deputado e se licenciou do mandato para novamente integrar o governo do avô nos cargos de secretário de Governo e da Fazenda. Reelegeu-se deputado federal em 1998 e em 2002.
Eduardo Campos assumiu o então Ministério da Ciência e Tecnologia em 2004, no Governo Lula, onde reelaborou o planejamento estratégico, revisou o programa espacial brasileiro e o programa nuclear. Ainda à frente da pasta, atuou para a aprovação do programa de biossegurança, que permitiu a utilização de células-tronco embrionárias em pesquisa e dos transgênicos, e da Lei de Inovação Tecnológica, entre outras ações.
O pernambucano assumiu a presidência do PSB em 2005. Já em 2006, se licenciou do cargo para disputar o governo de Pernambuco, onde se elegeu em primeiro turno, com mais de 60% dos votos válidos. Quatro anos depois, foi reeleito com 83% dos votos válidos. No comando do governo estadual, Campos trabalhou para modernizar industrialmente a região.
Em nível nacional, ele apoiou e ajudou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seus dois mandatos. Em outubro do ano passado, Campos se aliou à ex-ministra e ex-candidata à Presidência da República Marina Silva, com quem iria formar chapa para disputar a Presidência. Em 4 de abril deste ano, renunciou ao governo de Pernambuco para se dedicar à campanha presidencial, que se encerrou para ele na manhã de ontem.
Cardeal – O cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, divulgou nota hoje (13) em que lamenta a morte do candidato à Presidência da República, Eduardo Campos (PSB).
Um dos últimos compromissos de campanha de Eduardo Campos foi o encontro com dom Orani. Após a reunião nessa terça-feira, Campos disse que o encontro foi “uma conversa muito boa” sobre ideias de como melhorar o Brasil e fazer o País.
“Surpreso pela notícia, compartilho com todos a dor dos familiares e amigos. Conversamos ontem [12 de agosto] sobre planos e sonhos que ele tinha para o país. Lamento a sua morte neste tempo e nesta circunstância e saúdo com carinho aos familiares e amigos rezando para que a confiança na vida eterna console a todos”, disse dom Orani Tempesta.
O presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal dom Raymundo Damasceno Assis, também se manifestou sobre a tragédia. O cardeal diz ainda que irá “elevar preces pelo descanso eterno de Eduardo e das outras vítimas, pelo conforto de todos os que sofrem com essa irreparável perda”.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da Agência Brasil