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Efeito Lula: economia aquecida faz varejo bater recorde em fevereiro

Segundo pesquisa do IBGE, vendas do varejo cresceram mais de 8% em fevereiro, frente a mesmo mês de 2023. Setor é favorecido pelo aumento real da renda e pela expansão dos empregos

Jefferson Rudy/ Agência Senado

Aquecimento: os números da Pesquisa Mensal de Comércio atestam uma retomada do consumo no país

As vendas no varejo bateram recorde em fevereiro, números que atestam a retomada da economia brasileira. A Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), confeccionada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela aumento de 1% em relação a janeiro desse ano, valor mais alto desde o início da série histórica, em 2000. Se comparada a fevereiro de 2023, a expansão supera 8%.

De acordo com o IBGE, o avanço de 8,2% nas vendas do varejo em fevereiro, frente o mesmo mês de 2023, é o índice mais acentuado em 10 anos. Especialistas explicam que o setor tende a se beneficiar, em 2024, de fatores econômicos favoráveis, como a inflação em queda, a redução da taxa Selic e o aumento real da renda e das oportunidades de emprego.

No varejo ampliado, que abrange o setor de veículos e de material de construção, além do atacado alimentício, o resultado foi ainda melhor. A expansão das vendas atingiu 9,7% em fevereiro, na comparação com o mesmo mês do ano passado, e 1,2% ante o mês de janeiro de 2024. Trata-se da maior alta dos últimos 13 anos.

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Retomada do consumo

Entre as atividades do varejo com maior crescimento, o IBGE destaca os ramos farmacêutico, médico, ortopédico e de perfumaria, cujas vendas ascenderam 9,9% em fevereiro. Artigos de uso pessoal e doméstico também contribuíram para a alta varejista, com aumento registrado de 4,8%, se comparado com fevereiro de 2023.

Para Cristiano Santos, gerente de pesquisas do IBGE, os dados comprovam o redirecionamento do consumo das famílias. Se os brasileiros focaram em produtos fundamentais, muito por conta da queda nos preços dos alimentos, em 2023, a diminuição da inadimplência no país proporciona menos restrições aos consumidores em 2024.

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“Observa-se uma mudança de foco de consumo nos últimos meses, que passa de um cenário de orçamento mais restrito, concentrado em produtos básicos, para um momento com mais espaço para que haja consumo de outros tipos de produtos”, explica Cristiano.

“Tal cenário tem relação com o aumento do crédito, em virtude da diminuição da taxa básica de juros, assim como crescimento da massa de rendimento real e da população ocupada.”

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PIB em alta

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o economista Rafael Perez, da consultoria Suno Research, projeta um Produto Interno Bruto (PIB) em alta nos três primeiros meses de 2024, resultado de uma economia aquecida pela expansão da renda, do crédito, dos empregos e pela inflação em queda.

“O segmento de varejo continuará sendo impulsionado pelo cenário doméstico mais favorável para o consumo, tendo em vista o mercado de trabalho aquecido e o ciclo de cortes da Selic”, prevê Perez. “Esse contexto de atividade econômica mais aquecida, neste início do ano, corrobora nosso cenário de um avanço mais forte do PIB no primeiro trimestre”, acrescenta.

Claudia Moreno, economista da C6 Bank, afirma que o viés de alta do PIB sugere crescimento econômico do Brasil acima das expectativas do mercado. A instituição financeira aguarda um Produto Interno Bruto em torno de 2,4%, em 2024.

“Na nossa visão, o cenário de crescimento acima do que consideramos ser o potencial da economia brasileira dificulta a continuidade da desaceleração da inflação. Por esse motivo, há chance de a autoridade monetária não chegar a uma taxa terminal de juros de 9,25%, que é a nossa atual projeção para a Selic de 2024”, conclui Moreno.

Da Redação, com Uol, Folha, IBGE, EBC