O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação do país, foi de 4,62% em 2023, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (11). O resultado contrariou as expectativas e ficou abaixo do teto da meta pela primeira vez desde 2020.
Para 2023, a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), colegiado ligado ao Ministério da Fazenda, era de uma inflação de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 1,75% e 4,75%.
Esse resultado, que mostra uma acomodação da inflação em níveis mais baixos, ficou abaixo das taxas de 5,79% e 10,06% registradas, respectivamente, em 2022 e 2021, quando a alta do IPCA ficou acima do limite máximo da meta e obrigou o Banco Central a divulgar cartas explicando os motivos.
No recorte mensal, houve uma aceleração do índice entre novembro e dezembro de 2023, de 0,28% para 0,56%. Em dezembro de 2022, a marca foi de 0,62%.
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Em 2023, o IPCA foi pressionado, principalmente, pelo grupo Transportes, com crescimento de 7,14%, influenciado, em especial, pela alta acumulada da gasolina (12,09%), que tem o maior peso entre os subitens pesquisados pelo IBGE. “Vale lembrar que a gasolina teve o impacto da reoneração dos tributos federais e das alterações nas cobranças do ICMS”, disse o gerente do IPCA, André Almeida.
Em compensação ao movimento dos transportes, o grupo Alimentação e Bebidas, que tem o maior peso no IPCA, registrou uma aceleração bem menor no ano passado, de 1,03%. O resultado se deve à queda nos preços da alimentação no domicílio (-0,52%), com a deflação do óleo de soja (-28,00%) do frango em pedaços (-10,12%) e das carnes (-9,37%).
A picanha foi a 7ª carne com maior queda no preço (- 10,69%). Caíram mais os preços do fígado (-20,28%), pá (-12,59%), costela bovina (-12,56%), acém (-11,88%), peito (-11,39%) e alcatra (-10,72%).
“O grupo de produtos alimentícios ficou abaixo do resultado geral e ajudou a segurar o índice de 2023. Houve quatro quedas seguidas no meio de ano, o que contribuiu para esse resultado. A queda na alimentação no domicílio reflete as safras boas e a redução nos preços das principais commodities no mercado internacional, como a soja e o milho”, afirmou o gerente da pesquisa.
Já os preços no grupo Habitação tiveram alta de 5,06%, puxada pela energia elétrica residencial (9,52%).
O grupo Saúde e cuidados pessoais (6,58%) encareceu por causa dos planos de saúde, que subiram 11,52% em 2023. Os produtos farmacêuticos tiveram alta de 5,83%.
O deputado federal Rubens Pereira Júnior (PT-MA), vice-líder do governo Lula na Câmara, comentou os números do IBGE. “Olha o Lula da sorte aí minha gente! Em 2023, o IPCA, índice oficial de inflação, fechou em 4,62%. Menor que no ano anterior e abaixo da meta pela primeira vez desde 2020. É o Brasil voltando a ser gigante com o presidente Lula”, disse o parlamentar, na rede social X.
Outro a destacar o resultado do IPCA do ano passado foi o deputado federal Bohn Gass (PT-RS), vice-líder do governo no Congresso. “E a inflação de 2023 ficou em 4,62%, abaixo da meta do Banco Central bolsonarista. Todos os analistas de mercado erraram. Pq são pessimistas? Não! É que essas ‘análises’ tinham um componente político – preconceito ideológico em relação a Lula – que as comprometeu”, afirmou, na mesma rede social.
Juros altos
A queda da inflação em 2023 é um alívio para os brasileiros, após o desastre econômico promovido pelo governo passado. Mas a situação poderia ser ainda melhor, não fosse a insistência do bolsonarista Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, em manter a taxa básica de juros (Selic) em patamares extorsivos, o que encarece o crédito, sufoca o setor produtivo e impede um ritmo maior na recuperação econômica.
Entidades empresariais, como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), têm criticado a maneira tímida como o Banco Central vem reduzindo a Selic, e consideram que a trajetória de queda da inflação não justifica a manutenção do índice em altos patamares.
Da Redação