O governo russo informou ao Brasil no sábado que poderá adotar restrições temporárias à importação de soja se os produtores brasileiros não reduzirem a quantidade de agrotóxicos utilizados, especialmente o glifosato, que é banido em diversos países do mundo. Especialistas já afirmam que a medida é uma forma de pressão política por conta da posição brasileira a respeito da Venezuela, apoiada pelo governo russo.
A informação das restrições foi publicada pelo Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária da Rússia no dia 2 de fevereiro e enviada ao Ministério da Agricultura brasileiro, que confirmou à agência Reuters o recebimento do comunicado russo.
Na nota, o governo russo afirma que informou o governo brasileiro sobre a necessidade de tomar medidas urgentes para garantir o cumprimento dos regulamentos técnicos da União Aduaneira sobre a segurança dos grãos em termos de conteúdo de pesticidas.
A ministra da agricultura de Bolsonaro, Tereza Cristina (DEM), que ainda não se manifestou sobre o tema, é uma conhecida defensora dos agrotóxicos no agronegócio. Ela votou a favor do Pacote do Veneno, que facilitou o registro e venda de defensivos agrícolas como o glifosato no Brasil.
Ainda que a Rússia tenha importado apenas 1,2 milhão de tonelada do Brasil em 2018, a atitude já preocupa os produtores brasileiros, uma vez que a China, principal importador da soja brasileira, comprando 68,8 milhões de toneladas no mesmo ano, também é contra o posicionamento do país frente à questão venezuelana.
O produtor mato-grossense Fernando Cadore, afirmou que o governo Bolsonaro “terá de ter cuidados com as relações comerciais”, segundo coluna de Mauro Zafalon na Folha.
Segunda retaliação comercial
A ação da Rússia já é a segunda retaliação comercial contra o Brasil em apenas um mês de desgoverno Bolsonaro. Em janeiro, a Arábia Saudita, responsável pela importação de 14% da carne de frango do Brasil em 2018, desabilitou cinco frigoríficos da lista dos exportadores brasileiros para o país árabe. Eram 30 frigoríficos que estavam habilitados a comercializar com o país, número que acaba de ser reduzido para 25.
No caso do país árabe, a medida se deu em função das falas de Jair Bolsonaro, que ventilou repetidas vezes a possibilidade de trocar a embaixada brasileira em Israel, da cidade de Tel Aviv para Jerusalém. A troca de local da embaixada é mal vista por do conflito árabe-israelense que há década assola a região e tem Jerusalém como ponto chave.
Da Redação da Agência PT de notícias, com informações da Folha