Partido dos Trabalhadores

Elas Por Elas: Luizianne Lins explica como e por que WhatsApp virou ferramenta de propagação de mentira

Anne Moura recebeu a deputada federal Luizianne Lins, CE,  titular da CPMI da FakeNews para falar sobre notícias falsas, eleições 2020 e Coronavírus

Hoje à noite, 21, Anne Moura e a deputada federal Luizianne Lins conversaram sobre esse assunto durante transmissão ao vivo por meio do Instagram @mulherespt. Luizianne é cearense e titular da CPMI das FakeNews, criada para investigar os ataques cibernéticos que atentam contra a democracia e a utilização de perfis falsos para influenciar os resultados das eleições em 2018.

Se as medidas de isolamento estão difíceis de se consolidarem, grande parte tem a ver com a máquina de mentiras e invenções em pleno funcionamento do governo Bolsonaro. Além dos impactos com a saúde pública, a propagação de fake news também prejudica uma disputa legítima do processo eleitoral, corroendo os pilares básicos de uma sociedade democrática. 

“Se o  facebook foi a ferramenta usada para manipular a opinião pública no Trump, no Brexit, articulada com a Cambridge Analytics. Nos países emergentes e pobres, o WhatsApp foi a ferramenta em 2018”, pontuou Luizianne, titular da CPMI da Fakews. 

A deputada explica que a rede de ódio e mentira bolsonarista começou a ser gestada ainda em 2012 e se fortaleceu ao longo dos anos, culminando na eleição 2018 com uma força digital que pegou os setores democráticos e a instituições de controle totalmente desprevenidos. O que hoje se consolidou como o “gabinete de ódio” já existia enquanto prática durante o último processo eleitoral. Luizianne apontou 

Esse foi um movimento global que atingiu não apenas a democracia brasileira. Grandes conglomerados internacionais convergiram em um momento de grande crise neoliberal e disputa econômica, fazendo das tecnologias e meios digitais novas armas dessa guerra por hegemonia. 

 

Por que WhatsApp?

Nos países emergentes e pobres, o acesso à internet banda larga ainda é inacessível economicamente para a maior parte da população. Portanto telefonia pré-paga com pacotes de redes sociais se tornam alternativas mais utilizada pelos usuários. Luizianne apontou três elementos importantes para o WhatsApp ter se notado a principal ferramenta de propagação da fakenews no Brasil: baixa renda da população que limita o uso qualificado da internet, a possibilidade de anonimato — pelo fato de se tratar de mensagens privadas trocadas entre grupos –, e dificuldade de fiscalização. 

“WhatsApp se tornou não apenas uma ferramenta de comunicação, mas uma necessidade — portanto a mentira capilariza de forma rápida e chega em diversas camadas da população”, explica. 

 

Os ataques da rede de ódio ao #EleNão

O #EleNão foi uma das maiores manifestações políticas da América Latina dos últimos 20 anos e marcou um ponto de inflexão na campanha eleitoral de 2018: milhões de mulheres brasileiras ocuparam as ruas no país inteiro. No entanto, as imagens das manifestações que ocorreram em um sábado não foram as mesmas que pipocaram nos celulares e WhatsApp de outros milhões de brasileiros, no domingo de manhã. Vários grupos se organizaram, coordenados pelo gabinete ódio, com grupos conservadores, fundamentalistas e evangélicos. 

“Os bolsonaristas falsificaram imagens, fizeram montagens e preparam uma enxurrada de fotos mentirosas e escatológicas e dispararam no domingo de manhã. Tudo muito articulado para ferir a moral dos evangélicos, principal grupo aliado do Bolsonaro na campanha”, explica a deputada. 

 

CPMI das FakeNews e eleição 2020

As atividades da CPMI estão interrompidas desde 17 de março, quando, em decorrência da epidemia de Covid-19, foi cancelada a última reunião prevista. No final de abril, o presidente do colegiado pediu suporte para a realização de sessões remotas. A CPMI tem prazo até outubro para concluir os trabalhos, no entanto, por conta do tempo suspensão (que não é contabilizado no prazo permitido para duração da investigação), a Comissão pode durar até o fim do ano. 

“Há uma chance muito grande de termos um período eleitoral com as investigações da CPMI ocorrendo em paralelo”, afirmou a deputada. 

Luizianne relata que as investigações estão cada vez mais próximas do filho do presidente, suspeito de ser o coordenador do “gabinete do ódio”, uma rede de mentiras montada dentro do Palácio do Planalto e financiada com dinheiro público. 

“As ameaças aos ministros do STF, por exemplo, estão sendo investigadas. Os resultados dessa Comissão vai ser muito importante para o Brasil e para termos um processo eleitoral em que a verdade seja o fiel do debate”, finalizou a deputada.