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A Secretaria Nacional de Combate ao Racismo do PT promove desde o dia 2 de maio uma série de encontros regionais virtuais para a discussão e lançamento de pré-candidaturas negras petistas para as eleições municipais de 2020.
Objetivo dos encontros é debater a atual conjuntura e também preparar e capacitar as lideranças negras do partido que pretendem disputar os cargos de prefeito e vereador no pleito deste ano. O primeiro encontro virtual contemplou a região Sul e no dia 16 deste mês será a vez das pré-candidaturas negras do Nordeste.
O secretário nacional de Combate ao Racismo, Martvs das Chagas, reafirma o compromisso da SNCR e da direção nacional do partido com a construção de uma maior representatividade negra na vida política e social do país. Segundo ele, é preciso estimular as pré-candidaturas negras petistas para que não desanimem da luta diante do atual quadro trágico e se preparem para dar continuidade à vida no pós-pandemia. E isso inclui a disputa política em 2020.
Para Martvs, a maior dificuldade para o enfrentamento das disputas eleitorais no país, principalmente para as candidaturas negras, decorre do racismo estrutural que vigora na sociedade. Além disso, outros fatores também contribuem para o problema. “A invisibilidade do tema racial, a falta de apoio financeiro e político e sobretudo a capacidade de se preparar para a disputa com antecedência como ocorre com as candidaturas não negras”, analisa ele.
O secretário comentou ainda sobre o desgoverno comandado por Jair Bolsonaro que afeta diretamente a população negra. “O governo Bolsonaro não apenas desconstruiu as poucas políticas públicas de promoção da igualdade, ele vai mais longe. Ao não apoiar o distanciamento social e dificultar a ajuda aos estados e pessoas atingidas pela pandemia, aposta cruelmente em um extermínio ainda maior da população pobre no Brasil, onde a maioria esmagadora é negra”, denuncia.
Leia a íntegra da entrevista com Martvs das Chagas, secretário nacional de Combate ao Racismo:
A Secretaria Nacional de Combate ao Racismo tem priorizado a preparação das pré-candidaturas negras para as eleições municipais de 2020, através de encontros regionais, realizados virtualmente por causa da ameaça da pandemia do coronavírus. Fale um pouco sobre a proposta.
Nesse momento de pandemia, onde devemos priorizar a saúde das pessoas é importante também darmos alento e perspectiva de continuidade da vida no pós-pandemia. Esses encontros visam fazer com que as pré-candidaturas negras petistas não desanimem da luta diante do atual quadro que vivemos e que se preparem para disputar as eleições de 2020.
A ideia consiste em fomentar as candidaturas de negros e negras com debates sobre a conjuntura, o modo petista de governar e de atuação parlamentar, bem como orientações sobre comunicação, mídia e aspectos jurídicos de uma campanha.
Como tem sido a resposta dos negros e negras do PT que pretendem lançar candidaturas a este projeto da Secretaria Nacional de Combate ao Racismo?
Se utilizarmos o primeiro encontro que foi o da região sul do país como indicador, acredito que a resposta será bastante positiva para os próximos encontros, uma vez que queremos fazer uma divulgação mais potente.
Todas as regiões do país serão contempladas. O primeiro encontro ocorreu na região Sul e o próximo será no dia 16 deste mês direcionado ao Nordeste. A SNCR já tem programado os próximos encontros virtuais?
Sim. Todas as regiões serão contempladas. Além da próxima (Nordeste) que ocorrerá no dia 16 teremos também o regional Sudeste no dia 30 de maio e o regional Centro-oeste que vai acontecer no dia 13 de junho. Em relação à região Norte em função da grave crise da Covid-19 no estado do Amazonas, iremos aguardar um pouco mais para definir a data.
Como você avalia com base no encontro do Sul, em termos de conteúdo e de participação, essa primeira experiência virtual, diante da crise vivida em todo o mundo sob ameaça da Covid-19?
Olha o que eu posso dizer é que ao final do encontro fizemos uma rápida avaliação e todas as pessoas consideraram positivas, tanto a ideia quanto a realização. É lógico que todos nós estamos reaprendendo como lidar com a tecnologia e o comportamento para participarmos desses encontros virtuais, mas a participação foi muito positiva e os palestrantes colaboraram muito com o nosso sucesso.
Quais são atualmente as principais dificuldades colocadas pelo conjunto da militância negra petistas para o enfrentamento das disputas eleitorais no Brasil?
Em primeiro lugar é bom que se diga que todas as grandes dificuldades que temos decorre do racismo estrutural vigente em nossa sociedade, que afeta todas as instituições indistintamente, inclusive o PT. Daí decorrem os demais empecilhos como a invisibilidade do tema racial, a falta de apoio financeiro e político e sobretudo a capacidade de se preparar para a disputa com antecedência como ocorre com as candidaturas não negras.
A Secretaria já tem um mapeamento inicial das pré-candidaturas? E qual é a expectativa para a ampliação da participação dos negros e negras petistas nas eleições de 2020 em comparação a 2016?
Fizemos um cadastramento online das pré-candidaturas, onde tivemos uma resposta tímida em virtude do potencial de negros e negras que deverão disputar as eleições esse ano. Mas estamos reforçando nosso mapeamento com o apoio das secretarias estaduais de combate ao racismo e contamos agora com mais uma ferramenta que é o cadastro que a Secretaria Nacional de Organização acaba de lançar para todo o Brasil.
Na atual conjuntura, o governo federal praticamente acabou com todas as ações políticas implementadas pelos governos petistas para a promoção da igualdade racial no país. Você enxerga alguma reação por parte do movimento negro organizado para denunciar e fazer frente a essa agressão aos seus direitos e conquistas?
O governo Bolsonaro não apenas desconstruiu as poucas políticas públicas de promoção da igualdade, ele vai mais longe. Ao não apoiar o distanciamento social e dificultar a ajuda aos estados e as pessoas atingidas pela pandemia, aposta cruelmente em um extermínio ainda maior da população pobre no Brasil, onde a maioria esmagadora é negra.
As organizações sociais negras denunciam todos os dias essa situação e buscam como sempre fizeram alternativas a essa tragédia, como a construção de redes de solidariedade nas favelas e na periferia e a divulgação de informações para que a população se proteja, diminuindo assim o risco de contaminação e morte.
Fique à vontade para fazer uma convocação aos negros e negras do PT para participarem dos encontros virtuais da SNCR.
Queremos reafirmar nosso compromisso com a construção de uma maior representatividade negra na vida política e social do país. E isso somente poderá ocorrer através de uma forte participação dos negros e negras nas disputas eleitorais. Nesse sentido queremos reforçar o convite aos companheiros e companheiros para a participação e divulgação de nossos encontros.