O PT é imprescindível na difícil tarefa de dar resposta a essas perguntas. Nosso partido é a referência nacional para a maioria das pessoas que se orientam pela busca de igualdade e justiça social. O combate que a burguesia nacional e internacional engendra contra Lula e o PT é o reconhecimento da força política inegável e do simbolismo que carregamos. E nesse momento histórico nós precisamos apresentar ao PT uma alternativa saudável, uma renovação capaz de ajudar a organizar o partido para sair vitorioso da luta política que estamos enfrentando e apontar os caminhos para o futuro.
Na direção do PT, mais do que em qualquer outro momento, precisamos reassumir nossos compromissos com a democracia interna, com o fortalecimento das instâncias, com a transparência nas finanças, e com o constante diálogo com a base do partido. Aqui na Bahia, o balanço interno é que o saldo organizativo da direção partidária dos últimos anos é negativo, com sucessiva diminuição do nosso tamanho nas disputas eleitorais e com distanciamento das lutas sociais que acontecem no Estado, e esse é um diálogo fraterno para ser feito nos espaços internos da nossa militância. É preciso corrigir os rumos, ajustar as nossas velas.
O que fazer diante do fascismo que assola o Brasil, diante desse tempo de pós-verdade, do aprofundamento do neoliberalismo, do encarceramento em massa e do extermínio da juventude negra? O que fazer diante da vitória eleitoral do projeto que retira direitos dos trabalhadores e empobrece a população do país?
A renovação política que defendemos é sobre forma e conteúdo, supera o debate geracional. Sobre forma de conduzir as instâncias, de se relacionar com os movimentos sociais e a sociedade. No conteúdo programático. É sobre como o PT vai lidar com o aprofundamento das políticas neoliberais, como o PT se organiza diante do fascismo, como a identidade e a luta de classes criam um novo horizonte histórico.
É preciso ouvir a sociedade, especialmente os mais pobres, e se atualizar a partir disso. O PT precisa voltara a ter suas ações respaldadas na sua base social. Tem um laço que precisa ser revitalizado e fortalecido nas periferias e isso não será feito por uma direção partidária que não trate isso como uma prioridade. Precisamos falar em radicalização da democracia, sabendo que se trata antes de tudo, de promover cidadania aos que estão excluídos e marginalizados.
Nós não poderemos tergiversar em defender a democracia, a justiça, a liberdade e a vida. Isso é fundamental pra gente sair desse ciclo degradante em que parte da população assumiu um discurso de ódio que apenas deteriora as nossas relações sociais e fragiliza a nossa população.
A violência que estrutura nossa sociedade não pode seguir sendo a política pública reservada para os mais pobre. Nesse ponto teremos que começar de novo o nosso processo civilizatório com um novo programa para segurança pública. É fundamental também repensar o modelo para superar a crise ambiental, criar oportunidades para dar qualidade de vida ao povo brasileiro. A transição agroecológica é a ordem do dia. Investir em agroecologia e na mudança da estrutura produtiva é o que pode garantir um futuro moderno e sustentável com aumento de renda, inclusão social e segurança alimentar para a nossa população.
O nosso caminho é o do diálogo com o povo, é o da educação libertadora e da formação política cidadã. O nosso projeto é de vida e não de morte. É um projeto de esperança e não de ódio. É um projeto de um país justo e soberano e não de uma colônia americana. Nesse projeto não cabe um dia de silêncio na defesa da liberdade de Lula e no combate aos ataques ao povo brasileiro promovidos pelo governo Bolsonaro. Vamos falar de futuro?
“Carregamos no peito, cada um, batalhas incontáveis.
Somos a perigosa memória das lutas.
Projetamos a perigosa imagem do sonho.
Nada causa mais horror à ordem
do que homens e mulheres que sonham.
Nós sonhamos. E organizamos o sonho.” (Os filhos da paixão – Pedro Tierra)
Elen Coutinho, 29 anos, economista formada pela UFBA, oriunda da política de cotas, com trabalhos publicados na área do combate ao trabalho escravo. Foi secretária de Formação Política do PT Bahia e de Juventude, é membro do Diretório Nacional do PT e Assessorou o Deputado Estadual Marcelino Galo na comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública da ALBA. Mora em Salvador – Bahia e é candidata a presidência estadual do PT da Bahia.