Na primeira reunião do Diretório Nacional do PT, na manhã desta quinta-feira (6), lideranças petistas fizeram uma análise da conjuntura brasileira.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (PT-RJ), o economista e presidente da Fundação Perseu Abramo, Márcio Pochmann, e o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, falaram na mesa, mediada pela presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e com a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Márcio Pochmann e Vagner Freitas focaram na análise econômica. Pochmann destacou o alto desemprego no Brasil, que alcançou os 14 milhões de desempregados.
Segundo o economista, a reforma trabalhista, caso aprovada, estimularia trabalhos precarizados, com jornadas intermitentes, por exemplo. Assim, muitos trabalhadores poderiam ter jornadas de apenas 2 horas, estar buscando trabalho, mas não ser enquadrado pelo IBGE como desempregado.
Pochmann reforçou que a pobreza no Brasil cresceu muito com a crise econômica. E o custo do trabalho no Brasil também caiu, o que significa redução salários e aumento da informalidade.
A reforma trabalhista também foi tratada na fala do presidente da CUT, Vagner Freitas. Para ele, com a reforma trabalhista, o trabalhador deixa de ter emprego para fazer bico.
“A realidade do golpe foi pela disputa econômica, política e social e para essa disputa, o Brasil precisa ter algumas características e uma delas, a mais forte, é a desregulamentação do mercado de trabalho. Aí entra a reforma trabalhista, porque isso atende ao setor da burguesia local e, por outro lado, muda completamente a relação social. Prova disso é que já não chamam mais de trabalhador, e sim de colaborador”, apontou.
De acordo com ele, a reforma trabalhista muda completamente o conceito de trabalhador e de trabalho e, por isso, ela é muito mais grave do que apenas acabar com a CLT.
“É um momento gravíssimo. Uma conjuntura que nunca vivemos na história do Brasil. Para se ter uma ideia, tudo que estamos fazendo do ponto de vista da mobilização, em outro momento, já teria dado um impacto mais prático. Fizemos a maior greve geral da história. Fizemos o Ocupa Brasília. Mas Temer ainda se sustenta, porque esses setores da sociedade ainda querem a reforma trabalhista”, destacou.
Já os líderes do PT na Câmara e no Senado fizeram análises mais políticas da atual conjuntura.
Carlos Zarattini falou sobre a situação política do Congresso Nacional e do desmonte promovido pelo governo golpista. Segundo a liderança, há uma cisão do bloco golpista, e o PSDB ameaça abandonar a base do governo com intenções eleitorais. Boa parte da mídia também já abandou o governo Temer.
“Os objetivos do golpe continuam colocados, as reformas. Isso é o que unifica. O que divide é como fazer isso e como constituir um governo”, afirmou.
Para ele, o governo terá um ano complicado para conseguir executar o orçamento dentro do previsto e deve investir ainda menos e intensificar a retirada de direitos. Ele lembrou que o governo tem rejeição de 90%. E que a reforma da Previdência tem poucas chances de aprovação, porque foi rejeitada pela população.
O líder destacou o desmonte promovido pelo governo golpista, com o fatiamento da Petrobras para privatização, a liberação da venda de terras para estrangeiros, abrir a mineração para empresas internacionais e a venda de hidroelétricas.
Em sua fala, o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias, fez uma avaliação histórica do neoliberalismo na América Latina e lembrou que o golpe de 2016 trouxe uma segunda ofensiva do neoliberalismo no subcontinente, que se diferencia do ocorrido nos anos 90 “porque lá foi gradual, e agora está sendo de uma vez, na doutrina de choque”.
“Com o golpe, que na minha avaliação não é brando, é um golpe muito duro, eles estão acabando, de uma vez, com as conquistas dos governos lula e Dilma, acabando com a Constituição e mexendo na herança de Getúlio Vargas, que é a CLT”, ressaltou.
Diante desse cenário, o líder do PT no Senado acredita que é preciso lançar logo a candidatura de Lula à Presidência do Brasil.
Para ele, a bandeira das diretas é fundamental e é preciso insistir nela. “Mas Lula presidente é ainda mais forte, porque coloca uma perspectiva mais real para as pessoas”, afirmou, lembrando que a população tem sentido saudade da era Lula.
“As pessoas sabem que sua vida estava melhor com Lula e agora está pior. Eles estão começando a entender o retrocesso com a retirada de direitos”.
Para ele, é preciso lançar logo Lula presidente, rodando o Brasil todo e com uma discussão de programa para mudar a vida do povo.
Mas alerta que, uma vitória de Lula, o governo precisa ser diferente do que foi em 2003, porque a situação política é outra.
“A gente ganhando novamente com Lula, vamos ter que governar chamando o povo logo pro nosso lado”, afirmou.
Unificação das esquerdas por Diretas Já e contra as reformas
Na opinião do presidente da CUT, porém, nem tudo são avaliações negativas. Para o líder Cutista, o lado positivo da conjuntura do golpe foi a possibilidade de unificação das esquerdas, a criação da Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem Medo, e a unificação dos movimentos sindicais com os movimentos sociais.
Nesse sentido, Freitas destaca que a crise e o golpe fizeram com que houvesse unidade dos movimentos e trouxe certa renovação da esquerda brasileira, especialmente na questão da mobilização.
“Nem tudo é tudo ruim na conjuntura que estamos vivendo. Como o golpe aprofundou a crise econômica, aprofundou o desemprego, e por conta da nossa insistência de não dar trégua aos golpistas e mostrar que temos outro caminho a trilhar que não esse, temos conseguido crescer nas nossas movimentações”
Ao final, o presidente da CUT convocou para a mobilização do próximo dia 11, que é o dia de votação da reforma trabalhista no plenário do Senado. Além disso, reforçou a necessidade de continuar as mobilizações pelas Diretas Já e contra as reformas que retiram direitos.
Da Redação da Agência PT de Notícias