Sessenta e dois jornalistas foram vítimas de violência policial em 2014, segundo o Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil, divulgado na quinta-feira (22) pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). O número representa 48,06% das 129 agressões registradas contra profissionais da comunicação no Brasil no período.
Cerca de 50% das agressões aconteceram durante manifestações, sendo 12,4% delas praticadas por manifestantes. Pelo segundo ano consecutivo, o Sudeste terminou o ano como a região que mais jornalistas são agredidos, com 55,81% do total de registros.
Durante todo o ano passado, três jornalistas foram assassinados no Brasil em decorrência da profissão. Entre eles, o repórter cinematográfico da Band do Rio de Janeiro, Santiago Ilídio Andrade, atingido por um artefato explosivo, lançado por um manifestante durante um protesto popular realizado no dia 6 de fevereiro. O jornalista faleceu quatro dias depois.
Os outros dois casos foram dos jornalistas Pedro Palma, do Rio de Janeiro, e Geolino Lopes Xavier, conhecido como Geo, da Bahia. Até o momento, as investigações da polícia apontam que os crimes foram cometidos “por encomenda” e os autores ainda não foram identificados.
Foram mortos, também, três radialistas, um blogueiro e quatro jornalistas em crimes não relacionados com o exercício da profissão.
O levantamento mostra que houve ainda 12 ações judiciais por cerceamento à liberdade de expressão, 11 de ameaças e intimidações e sete de agressões verbais.
Recorde – Segundo relatório anual da ONG internacional Repórteres Sem Fronteira (RSF), publicado em dezembro de 2014, o Brasil foi o terceiro país com o maior número de jornalistas assassinados na América Latina, com 38 mortes registradas entre 2000 e 2014. O México foi primeiro colocado, com 81 profissionais mortos.
A lista inclui jornalistas, blogueiros, comunicadores sociais e colaboradores de veículos de mídia. “Normalmente, os jornalistas são vítimas de sua vontade de denunciar a ingerência, as violações de direitos humanos, o crime organizado e a corrupção”, afirma o relatório.
Mundo – O relatório, no entanto, mostra um cenário diferente pelo mundo, onde a maior parte dos jornalistas é vítima de violência por atuar na cobertura de conflitos de guerra.
Em 2014, 66 jornalistas, 19 jornalistas-cidadãos e 11 colaboradores de meios de comunicação, foram assassinados em decorrência da profissão. Apesar de alarmante, o número é 7% menor que no ano anterior.
Segundo o relatório, 60% dos atentados contra jornalista ocorreram em zonas de conflito como a Síria. O estudo afirma que os assassinatos foram cometidos com “maior barbárie”, com o aumento considerável no número de sequestros, sendo usados, na maioria das vezes, “como forma de impedir que exista uma informação independente e de dissuadir os olhares exteriores”.
O relatório da Repórteres Sem Fronteira mostra que 139 jornalistas que tiveram que se exilar, o dobro do dado registrado em 2013. As detenções de jornalistas, enquanto isso, registraram em 2014 um aumento de 3%, para chegar aos 853 repórteres detidos.
Segundo o texto, os interrogatórios e detenções são considerados formas de “ataque à liberdade de expressão”.
Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias