Nesta semana, a cidade de Curitiba (PR) tornou-se o centro da luta em defesa da democracia e dos direitos da classe trabalhadora. Na manhã desta terça-feira (9), milhares de pessoas de todo o País já começavam a chegar ao Acampamento pela Democracia, na capital paranaense.
Organizado pela Frente Brasil Popular, em conjunto com diversos movimentos sociais, sindicais e religiosos, o Acampamento faz parte da Jornada de Lutas Pela Democracia, que acontece até o dia 10 de maio.
“Muitos ainda estão na estrada, vindo para cá. São pessoas que estão se somando à nossa grande jornada de lutas em defesa dos direitos trabalhistas, em defesa da CLT, em defesa do direito à aposentadoria e à seguridade social”, explica a coordenadora da Frente Brasil Popular e secretária de Mobilização e Relação com Movimentos Sociais da CUT, Janeslei Aparecida Albuquerque.
O objetivo da Jornada é dialogar com a sociedade sobre os ataques à democracia e sobre a importância de defender as conquistas do povo brasileiro, ressalta Diego Moreira, membro da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que faz parte da Frente Brasil Popular.
Para ele, Curitiba tem se tornado central na perspectiva do ataque à democracia, por isso o acampamento nesta cidade é estratégico.
“Em função dos ataques que a nossa recente democracia vem sofrendo, desde o processo de impeachment, com um processo largo de criminalização das organizações e da militância de esquerda, os movimentos sociais, partidos políticos, as organizações religiosas, sindicais, assumiram para si a tarefa, neste momento, de fazer a defesa da democracia, estabelecendo um diálogo direto com a sociedade brasileira sobre os riscos com as perdas de direitos”, afirma o dirigente do MST.
Presente ao acampamento, o deputado estadual Tadeu Veneri (PT-PR) acrescenta que a mobilização das pessoas para ir a Curitiba é também uma resposta a toda a arbitrariedade que vem sendo cometida nesse processo.
O petista faz referência à decisão da Juíza do Paraná, Diele Denardin Zydek, que proibiu manifestações públicas na cidade, por conta do depoimento do ex-presidente Lula Inácio Lula da Silva ao juiz federal Sergio Moro, nesta quarta-feira (10).
“É a única cidade do Brasil que tem, por determinação judicial, um ‘interdito proibitório’ que proíbe que pessoas se manifestem em uma área de todo o perímetro de Curitiba, 25 km de onde vai acontecer o depoimento. Não há precedente disso na história do Brasil”, enfatiza.
Veneri acredita que, se não derrubado, o interdito proibitório abre um precedente “extremamente perigo”.
“Porque ele nos coloca, de fato, em um estado de exceção, em que as pessoas, para se manifestar, precisam de autorização judicial. Nós não precisamos de autorização judicial. A Constituição nos garante isso”, declara.
Sobre o depoimento de Lula, a coordenadora da Frente Brasil Popular explica que os movimentos estão reunidos em Curitiba também em solidariedade e apoio ao ex-presidente.
“Na verdade é defender o que o Lula representa. Lula representa a defesa dos nossos direitos, a defesa do direito à aposentadoria, a defesa do direito às leis trabalhistas e à proteção ao trabalhador”, aponta.
Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias