A campanha da chapa PT/PCdoB/PROS norteou os principais embates travados entre a vice de Haddad, Manuela d’Ávila (PCdoB); a de Ciro Gomes (PDT), Kátia Abreu (PDT); e de Geraldo Alckmin (PSDB), Ana Amélia (PP). O vice de Marina Silva (Rede), Eduardo Jorge (PV), e de Jair Bolsonaro (PSL), Hamilton Mourão (PRTB), optaram por não participar do debate.
Manuela, por sua vez, não deixou ataque sem resposta e com jogo de cintura aproveitou as brechas para apresentar propostas e reafirmar o seu programa de governo.
Kátia e Ana Amélia tentaram desqualificar Haddad pelo o que elas consideraram falta de capacidade técnica e de experiência política. A vice de Ciro, em tom irônico, disse que Haddad só fez o que era determinado pelo governo Lula quando era ministro da Educação e que perdeu a eleição em 2016, porque não fez uma boa gestão, apesar de “ter as melhores intenções”.
“Se perder eleição fosse critério para governar, nós três não estaríamos aqui. O Alckmin e o Ciro também não. Aliás, um dos debates do #EleNão é aceitar o ganhar ou perder, pois o debate também é sobre aqueles que aceitam as regras democráticas e sobre o candidato que disse que não reconhecerá o resultado das eleições”, rebateu Manuela, se referindo ao movimento que levou milhares ás ruas nó último dia 29 em defesa da democracia e contra a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL).
Na primeira rodada de perguntas entre, Manuela questionou se o posicionamento dos candidatos em relação à candidatura de Bolsonaro e seu discurso era apenas eleitoral. Primeiro, direcionou a questão a senadora Ana Amélia. “Várias candidaturas se somaram ao #EleNão e seu candidato disse que se somava ao movimento também. A senhora e seu candidato vão manter essa opinião no segundo turno?”, perguntou Manuela.
Apesar da pergunta ter sido objetiva, Ana Amélia desconversou e disse que o segundo turno não está definido. “Não há necessidade de estarmos condicionando ou imaginando o que vai acontecer”, disse a vice de Alckmin.
“#EleNão para nós não é oportunismo de primeiro turno”, reafirmou Manuela.
Alianças e o golpe
Sobre as alianças Ana Amélia e Kátia tentaram constranger Manuela ao falar de apoio que a coligação tem recebido daqueles que apoiaram o impeachment. A vice de Haddad lembrou que muitos já se deram conta “do estrago que se produziu no Brasil, desestabilizando a democracia com o golpe contra a Dilma”.
Aliás, Dilma que vencerá as eleições em Minas Gerais contra um Aécio que se escondeu e sequer concorre ao Senado porque o povo percebeu que aquilo foi uma armação”, rebateu Manuela.
Kátia Abreu, em uma de suas perguntas, disse que os governo Lula e Dilma, não promoveram mudança significativas no país apesar dos avanços.
“Nós construímos mudança profundas sim”, refutou Manuela. “Dizer que não construímos mudanças quando temos o Minha Casa, Minha Vida garantindo a chave da casa própria na mão da mulher. Quando garantimos que 36 milhões de brasileiros saíssem da pobreza extrema. Quando nós colocamos milhares de jovens para dentro das universidades públicas e privadas com o Prouni. Quando garantimos que 20 milhões de empregos fossem gerados. Essas são mudanças importantes que nós construímos num ambiente de diálogo com o Congresso”, enfatizou Manuela, lembrando que a própria Kátia Abreu fazia parte da base do governo e, posteriormente, integrou a equipe do governo Dilma.
Corrupção
Combate a corrupção e os apoios recebidos por Haddad nos estados também foram alvos de críticas das adversárias de Manuela, que reafirmou que uma das características de Haddad é capacidade de aglutinar forças na divergência por meio da conciliação.
“Haddad é o homem certo para governar o país neste momento. Temos um projeto que representa a possibilidade de desenvolvimento, com combate às desigualdades. A retomada de direitos importantes para o nosso povo retirados a partir da reforma trabalhista. A gente representa a retomada dos investimentos públicos em saúde e educação. Além disso, o Haddad tem a tranquilidade e a capacidade de lidar com a divergência. O Brasil vive um ambiente de guerra e de ódio iniciado justamente pela postura do Temer, que não só assumiu como articulou o golpe”, lembrou Manuela.
As ações de combate à corrupção, e as críticas aos abusos cometidos pela Operação Lava Jato também foram alvo de ataques da senadora Ana Amélia, que fez uma defesa ao juiz Sérgio Moro, dizendo que ele está atuando pelo Estado Democrático de Direito.
“Eu temo pelo futuro da Lava Jato. Dependendo da eleição, o PT não pode ter esse discurso de que é uma perseguição do juiz [Sergio] Moro contra o ex-presidente Lula”, disse Ana Amélia.
Lava Jato
Manuela rejeitou a tese de que a sua coligação pretenda barrar as investigações e lembrou que os governo Lula e Dilma criaram e fortalecera os mecanismos e combate à corrupção, que antes não existiam, citando a Lei de Transparência, o fortalecimento da Polícia Federal e a e garantia de autonomia do Ministério Público.
“Existem governos que combatem a corrupção e os outros que colocam ela debaixo do tapete. No último ciclo, nós avançamos na consolidação dos mecanismos de controle e combate à corrupção”, destacou a vice de Haddad.
Manuela disse ainda que as críticas contra os abusos da Lava Jato fazem parte da democracia e devem ser vistas com tranquilidade e não incômodo. “Temos que ter tranquilidade. Quando há excesso e natural nas democracias que se denuncie. Quando um jornalista denuncia um deputado, não estão agindo contra o parlamento. Pelo contrário, querem que aquele deputado seja punido pelo seu ato para que o parlamento seja fortalecido. Da mesma maneira são feitas as denúncias contra os abusos visíveis à população da Operação Lava Jato”, argumentou. “Não há um brasileiro hoje que não perceba a motivação política do juiz Sergio Moro”, completou.
Sobre qual é a proposta de sua coligação para o combate à corrupção, Manuela defendeu a maior participação popular.
“Nós precisamos pensar em novos mecanismos para que a corrupção não aconteça. Criamos mecanismo que combatem, controlam e punem os episódios que já aconteceram. Mas precisamos criar mecanismos que impeçam. E eu acredito muito nas ferramentas que combinam controle público om participação social. Acho que o estímulo da participação da população nas decisões e no controle das atividades do estado é o mais eficiente para evitar novos casos de corrupção”, reforçou.