O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, na noite desta sexta-feira (8), do ato “Encontro de Lula com a educação”, no centro de convenções do Anhembi, em São Paulo. Organizado por sindicatos de educadores e profissionais da educação do nível básico ao universitário e entidades de representação de estudantes, o ato contou ainda com a presença de alunos secundaristas que ocupam escolas estaduais em São Paulo para evitar seu fechamento e sucateamento.
Depois de o ex-presidente entrar no palco, por volta das 19h30, centenas de pessoas presentes se levantaram para recebê-lo cantando “Não vai ter golpe, vai ter luta”; “Lula, guerreiro do povo brasileiro” e “Olê, olá, Lula, Lula”. Lula entrou de mãos dadas com Bebel Noronha, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), e se emocionou com a recepção dos manifestantes, que desde às 16h aguardavam sua chegada. Ao entrar, saudou os presentes das primeiras fileiras, que disputavam espaço para tirar uma foto sua e pediu uma salva de palmas aos militantes sem-terra que foram assassinados na quinta-feira “uma falta de respeito ao povo trabalhador brasileiro”, disse.
“Vocês vieram aqui hoje para defender uma causa que é de todo brasileiro: preservar o Estado democrático de direito”, afirmou Lula no início de seu discurso. O ex-presidente passou a relembrar os avanços da educação pública em seus mandatos e também nos governos da presidenta Dilma Rousseff, como o ProUni, o Reuni, o FIES, o Ciência sem Fronteiras, o Fundo Nacional do Ensino Básico, a valorização dos demais profissionais da educação, o piso nacional dos professores e o ciclo fundamental de 9 anos. “Vamos passar para a história como o governo que mais fez universidades na história deste país.” E afirmou: “O que fizemos na educação é apenas o começo de uma revolução no país. Educação é o que dá consciência e independência”.
Lula não se esqueceu de elogiar os professores e outros profissionais do ensino: “Aqui estão os que sempre lutaram pela educação brasileira, os que se dedicaram e se dedicam à causa do ensino, muitas vezes com sacrifício da própria vida familiar. Apoio decisivo para que, no Governo Federal, a gente pudesse fazer uma verdadeira revolução”. Relembrou que, sem apoio desses profissionais e dos estudantes, não teria sido possível aumentar o orçamento do Ministério da Educação nem a abertura de 19 novas universidades federais e 163 novos campi federais.
Mas não deixou de notar que os avanços não foram feitos com facilidade: “As pessoas, em vez de ficar felizes porque tinha alguém mais humilde ao seu lado estudando, ficavam com raiva”; e elogiou os alunos que superaram o preconceito: “Pois ao invés de ficar com raiva, a gente foi lá e estudou mais ainda. Hoje, em diversas áreas, os alunos do ProUni são os melhores alunos da sala”, contou.
Ainda sobre educação, afirmou que “O Brasil tem que ser exportador de conhecimento; não só de soja, de minério de ferro”, sobre a importância do incentivo à pesquisa.
Dois pesos, duas medidas
Lula criticou a cobertura da imprensa, que oculta envolvimento da oposição em casos de corrupção e reclamou: “Não consigo lembrar um momento histórico em que a imprensa me tratou com respeito. Mesmo quando eu era presidente da república eleito”. “Mas quem deve julgar a imprensa não é o presidente. É o telespectador, o leitor”, ponderou.
Lula também lamentou a cultura de ódio contra a esquerda brasileira e se perguntou sobre qual seria a razão: “Eu não vejo outra razão pra eles destilarem tanta raiva, se não as coisas boas que nós fizemos neste país”. Afirmou: “Duvido que um presidente tenha tratado todos com o tratamento republicano que eu dei. Que tratou empresários como eu tratei, tratou movimento social como eu tratei. Porque tinha consciência de que este país precisava dar certo. Tinha consciência de que um país só dá certo quando todos participam do trabalho e dos resultados”.
Falando sobre honestidade, o ex-presidente lembrou de uma história de sua infância, quando tinha imensa vontade de pegar uma maçã de um cesto de frutas de uma venda, e disse: “Eu não pegava por medo de envergonhar a minha mãe.” E lamentou: “Hoje estou com 70 anos e hoje eles estão tentando me atacar no que me é mais sagrado, que é minha moral”.
E garantiu: “Estou voltando a ser Lulinha paz e amor – não vou ficar com raiva quando eles me ofendem. Mas não há nada que vá me fazer abaixar a cabeça”
O ex-presidente deu um recado aos que pedem o afastamento da presidenta Dilma: “Todo mundo sabe que impeachment sem crime de responsabilidade é golpe. E quem quer golpe é pra encurtar o caminho ao poder, sem eleições. E eu vou falar pro companheiro Michel Temer, com todo respeito: se você quiser ser presidente, dispute uma eleição como eu disputei. Não vai ter golpe neste país”, concluiu, sendo muito aplaudido.
Daniella Cambaúva, da Agência PT de notícias