“Trabalhador unido, jamais será vencido!” Com essas palavras de ordem, servidores municipais da Prefeitura de Florianópolis encerram, na noite de quarta-feira, 16, de forma vitoriosa a greve de sete dias que paralisou serviços públicos não essências na capital catarinense.
“Apesar dos duros ataques, ameaças de prisão da direção do sindicato e de demissão de trabalhadores da rede, avançamos em todas as nossas pautas”, afirma o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis (Sintrasem), Renê Marcos Munaro.
A mobilização foi deflagrada pelos servidores da Autarquia de Melhoramentos da Capital (Comcap), responsável pela coleta de resíduos sólidos e limpeza urbana, contra a privatização, precarização das condições de trabalho, pagamento de salários atrasados e em defesa da manutenção do acordo coletivo em vigência que estava sendo desrespeitado pelo prefeito Gean Loureiro (DEM).
Com a insatisfação geral no funcionalismo público municipal, servidores da saúde, educação, assistência social e de autarquias como o Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf) e Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram) também aderiram à paralisação.
A luta conquistou apoio da população e mostrou a importância do serviço público para o funcionamento da cidade. A atual gestão da Prefeitura de Florianópolis vem desmontando paulatinamente o serviço público, transferindo atividades à iniciativa privada por meio da terceirização.
O sindicato informa que, após resistir a ataques e ameaças do governo Gean, a categoria sai da greve de cabeça erguida, sem punições ou novas perseguições. De acordo com o presidente do Sintrasem, os principais pontos da pauta de reivindicações foram atendidos pela Prefeitura. “Renovamos o acordo coletivo da Comcap até novembro e fizemos a Prefeitura recuar na expansão da coleta terceirizada”, comenta Munaro.
“Mas uma das maiores vitórias de nossa greve foi a unificação história das duas categorias que o Sintrasem representa: a Comcap e a Prefeitura de Florianópolis (PMF). Foi essa unidade que garantiu nossa vitória”, afirma Munaro.
Reivindicações atendidas
Na Comcap, o acordo coletivo de setembro foi renovado até novembro deste ano e terá que ser respeitado. Em relação à terceirização, o tema segue em discussão no Judiciário. Segundo o sindicato, o projeto privatista da coleta terceirizada deve ficar restrito a regiões onde funcionam atualmente, retirando os terceirizados dos roteiros da Barra da Lagoa e Ratones. Também ficou acertado com a Prefeitura o pagamento já no próximo salário da primeira parcela do Plano de Carreira.
Em relação à educação, ficou assegurada a aplicação do reajuste de 33,2% do Piso Nacional do Magistério ao salário-base já na próxima folha de pagamento de professores e assegurada a garantia de chamamento de aprovados no concurso público da Prefeitura.
O Sintrasem informa que não haverá punição ou demissão de servidores que participaram da greve e demitidos serão reincorporados ao funcionalismo. “Gean deixa a prefeitura em março com uma derrota enorme no currículo. Se ele planejava usar a truculência como trampolim político, descobriu que a luta da classe trabalhadora é maior!”, informa a nota.
Na avaliação do presidente do Sintrasem, o governo municipal de Florianópolis atua “pesado para sucatear o serviço público, enquanto repassa cada vez mais dinheiro ao empresariado”. “Gean Loureiro, que agora pretende concorrer a governador de Santa Catarina, ataca nossa categoria desde o dia em que sentou na cadeira de prefeito.”
“Por isso, uma vitória como essa é uma luz para a classe trabalhadora do país e uma mensagem de que há, sim, campo para avançar na luta em defesa dos direitos e revogar todas as medida antipovo, como as reformas trabalhista, previdenciária, a PEC 95 etc. A nossa tarefa é ajudar organizar a classe trabalhadora a partir de suas reivindicações e derrotaremos desde Gean em Florianópolis até o Bolsonaro”, comenta Munaro.
Da Redação