Partido dos Trabalhadores

Em Fortaleza, mulheres se unem para defender Dilma e a democracia

Uma das líderes do Mulheres do Ceará com Dilma, Nazaré Antero explica que golpe é também machista. Nas eleições municipais, não tem dúvidas: está com Luizianne

Na abertura da Copa do Mundo de 2014, na Arena Corinthians, em São Paulo, uma ala da torcida começou a proferir ofensas de baixo calão à Dilma Rousseff. A mais de dois mil quilômetros dali, em Fortaleza (CE), um grupo de mulheres ficou extremamente incomodado com o tom machista das palavras contra a presidenta. Naquele momento, nascia a ideia do grupo Mulheres do Ceará com Dilma.

Entre as líderes do movimento estava a pedagoga Nazaré Antero, hoje com 70 anos (“muitos bem vividos e com muita energia para lutar”). O que unia a todas era o histórico de luta pela democracia e pelos direitos das mulheres.

“A maioria já havia lutado desde a década de 1970 sob a bandeira do feminismo e pela anistia. Mas desde os anos 1980 estava cada uma no seu quadrado. Quando a burguesia gritou aqueles nomes obscenos à Dilma, porém, soou o alerta. Foi quando resolvemos nos juntar de novo”, explica Nazaré.

O que era para ser uma ação pontual se manteve até hoje. As mulheres se reúnem semanalmente e participam de diversas manifestações na capital do Ceará. Até porque não pararam os ataques à honra da presidenta.

(foto: divulgação)

“Dilma continuou a ser escorraçada nas redes sociais, em adesivos degradantes, durante esses dois anos. E nós continuamos firmes e fortes com as reuniões, os protestos, as denúncias, inclusive à Polícia Federal, dos ataques recebidos por Dilma”.

Nazaré não tem dúvidas: o golpe que se desenha contra a presidenta eleita é também machista.

“Esses golpistas não fariam o que estão fazendo com Dilma se fosse um homem no lugar dela. Nenhum homem foi escorraçado, na expressão da palavra, como Dilma está sendo escorraçada. Eu lamento muito. A sociedade brasileira terá um retrocesso muito grande”, analisa.

 

A revolução do feminismo

Nazaré explica que as lutas feministas travadas por décadas fizeram bem a toda a sociedade. Deram aos homens, inclusive, o direito de participar de perto da vida familiar.

“Leonardo Boff diz que a grande revolução do século 20 foi o movimento feminista. Todas as nossas lutas proporcionaram até aos homens o lugar deles dentro da família. Hoje os homens ocupam realmente a paternidade. Pode ser inconsciente, mas eles reconhecem que foi a luta das mulheres que proporcionou o espaço deles nas famílias”.

O seu marido seguiu a cartilha. “Meu marido também é um militante. Eu não casaria com nenhum homem que não tivesse uma ideologia socialista”, brinca.

Ela comemora a força que as mulheres jovens e feministas estão tendo na luta por uma igualdade mais justa, plural e democrática.

“Os homens são importantes, até porque é fundamental homens e mulheres juntos lutando por uma sociedade livre e justa. Mas a força da mulher é outra coisa… Quem consegue suportar a dor de parir um ser humano realmente tem uma resistência muito grande e consegue lutar pelo o que quer e acredita. E agora a juventude realmente está presente, é muito bonito”.

Com o golpe, ela teme que a sociedade brasileira sofra “um retrocesso muito grande”.

“Dentro do processo educacional, já tá aí uma tal de escola sem partido. Mas que história é essa? Tem que se discutir ideologias nas escolas. Os meus filhos, graças a Deus, têm a sensibilidade e estão presentes na luta. Mas eu fico preocupada com o futuro da minha neta querida de cinco anos”.

(foto: divulgação)

Nazaré com Luizianne
O Mulheres do Ceará com Dilma é apartidário e tem membros de várias correntes política. Mas Nazaré faz questão de deixar claro: vai votar em Luizianne Lins nas próximas eleições municipais de Fortaleza.

“Eu tenho o maior orgulho de sempre estar ao lado da Luizianne. Ela lutou sempre conosco nos movimentos de mulheres. Eu já trabalhei com ela como trabalhei em outros governos, como o do Tasso Jereissatti e do Juraci Magalhães. Digo que um governo ético e justo como a da Lôra não tem”, afirma.

“Eu queria, sinceramente, que Fortaleza abraçasse Luizianne novamente”.

Por Bruno Hoffmann, de Fortaleza, para a Agência PT de Notícias