Um aplicativo para registrar a falta d’água na região metropolitana de São Paulo, lançado na última quinta-feira (10), registrou mais de uma denúncia por minuto nas primeiras 24 horas do seu lançamento. Até segunda-feira (21), mais de 3,3 mil reclamações haviam sido registradas.
Criado e divulgado pela rede Aliança Pela Água, grupo formado por mais de 60 entidades, o aplicativo usa os sistemas de georreferenciamento do próprio celular ou o CEP do imóvel atingido.
De acordo com o promotor Ricardo Manuel Castro, membro do Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente da Grande São Paulo (Gaema), a ferramenta deve auxiliar o Ministério Público na investigação sobre os cortes no abastecimento de água.
“Os relatórios criados a partir das notificações do aplicativo podem servir como elemento de prova para a adoção de medidas judiciais pertinentes”, declarou Castro.
Para o líder da bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) na Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado Geraldo Cruz, a criação do aplicativo revela, “mais uma vez”, o descaso do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), com o abastecimento hídrico, mesmo tendo sido alertado antes de a crise começar.
“A omissão do governo tucano é tão criminosa que a sociedade civil tem de se organizar para identificar os locais onde fata água. Há cinco anos alertamos o governador Geraldo Alckmin sobre os equívocos que estão levando ao terrível cenário de colapso do abastecimento. A situação é dramática”, observa Cruz.
Segundo o estrategista digital e membro do Aliança Pela Água, João Ramirez, o grupo foi formado para debater a questão do abastecimento de água no estado, além de propor formas de enfrentamento da crise hídrica e uma nova cultura para o uso racional da água.
“Para isso, uma das ideias foi criar esse aplicativo. É um app muito simples, que localiza o endereço onde o usuário está, mas pode informar também a falta de água em outro endereço”, explicou Ramirez.
O aplicativo, de acordo com Ramirez, permite estabelecer um canal de comunicação com o público afetado pela falta de abastecimento. Ao se cadastrar, o usuário permite à Aliança Pela Água se comunicar com ele e saber como está a situação no local de onde partiu denúncia de desabastecimento.
“A experiência que vemos é que, em cinco dias, temos a mesma quantidade de reclamações que a Sabesp diz ter em um mês”, declarou Ramirez.
A partir das notificações, o grupo terá como identificar todas as áreas onde a falta de água se repete com frequência. “Queremos também levar o aplicativo para locais mais distantes onde a informação não chega”, contou o ativista.
Por Guilherme Ferreira, da Agência PT de Notícias, com agências