“Talvez demore um pouco mais para andar porque o presidente decidiu receber todos os abraços, um por um”, informava uma mulher da organização às pessoas que, em pé, aguardavam sua vez para prestar seu apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e se despedir de Dona Marisa.
A fila começou antes das 9h da manhã deste sábado (4), e perto do meio-dia já ocupava duas quadras, dando literalmente a volta no quarteirão que circunda o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP). Milhares de militantes, de vários Estados dos Brasil, foram ao velório de Marisa Letícia prestar sua última despedida e deixar uma mensagem de apoio ao ex-presidente.
“O céu está mais brilhante. A estrela de nossa lutas foi abrilhantar um outro lugar… Dona Marisa presente!”, escreveu Adrianinha, em um imenso mural colocado na sede do sindicato para receber homenagens. “Eterna primeira-dama. Descanse em paz. #ForçaLula”, escreveram Luara e Maíra.
Na fila, grupos de Brasília, Paraná e outras partes do Brasil que saíram de suas casas para se despedir da ex-primeira-dama.
“Era Marisa quem nos puxava para a luta”, lembra Cleoni Santos. “A gente tá muito sentida com essa perda. A Marisa foi uma grande parceira para gente na história do PT. Eu sou de Diadema e estava por perto, a gente viu muita luta, muita briga, muita luta pela prisão dos companheiros, a polícia em cima, ela construindo tudo e puxando a gente para estar na luta. Isso é inesquecível, ela vai estar sempre com a gente”, recorda.
Palmarina Alves relembra do tempo em que ela e Dona Marisa, ainda adolescentes, trabalharam juntas na fábrica de chocolates Ducora. “Minha bonequinha, a gente ficava ali na avenida Anchieta. Descia juntinha com o avental branco da fábrica. Passei mal ontem quando soube”, conta ela.
Para Adelena, este deve ser o momento para união e fortalecimento. “Queria pedir para os companheiros se unirem mais, para nos tornarmos mais fortes”, disse ela.
“Nós somos milhões de Marisas que vamos ficar nessa luta para um mundo melhor, que foi o que ela sempre acreditou”, afirmava Lita.
“A mãe dela me benzia de bronquite, ela benzia todas as crianças. Acho que ela me curou. Nunca me esqueço dela”, lembrava uma das militantes.
Na fila para prestar sua última homenagem à Dona Marisa, Sheila relembrou do início de sua militância, em São Bernardo do Campo. “Eu comecei a minha militância aqui em São Bernardo. A minha base política, de luta e compromisso social se deve muito à essa luta do sindicato. E segundo como mulher, mãe, esposa, eu me coloco no lugar dele como marido. Acima de tudo vem o ser-humano, a companheira. A gente conhece a importância do trabalho do Lula, mas eu vim para reconhecer a importância do trabalho da mulher”, diz Sheila.
Já Olenize Santos estava em Brasília, vendo as mensagens de apoio ao Lula pelas redes sociais. No entanto, não suportou “ficar em Brasília”. Foi até São Bernardo para apoiar pessoalmente o ex-presidente.
“A morte da companheira foi um golpe dentro do golpe e é mais um motivo para continuarmos na luta por um país melhor”, diz Elzevir Guerra.
Selma Guiloto viajou do Paraná até São Bernardo para prestar a homenagem. “Fizemos uma viagem de quase 10 horas para prestar a última homenagem e dizer ao presidente Lula que ele não está sozinho, mas tem milhões e milhões de brasileiros com ele”, afirma.
“Nós viemos hoje porque temos que dar um grande abraço nele, que dê tanta força para ele continuar. Lula, muita força. A gente está aqui hoje e vai estar aqui todos os dias”, afirmou Mônica Simões.
Merecida homenagem
Dentro do sindicato, o ex-presidente Lula fez uma fala em homenagemLula: Agora o céu ganha a estrela que iluminou a minha vida à Dona Marisa. Ele relembrou histórias do casal, a luta e a vida da ex-primeira dama.
Em uma das coroas de flores, a mensagem de Lula para sua “galega”: “agora o céu ganha a estrela que iluminou a minha vida”.
Por Clara Roman, da Agência PT de Notícias