Leilão proposto pelo governo brasileiro para licenciamento e implantação de projetos de geração de energias solar, gerada a partir da captação da luz do sol, e eólica, da força dos ventos, atraiu quase 1,4 mil interessados, um recorde nacional.
No interior da Amazônia, placas fotovoltaicas, que extraem energia do sol, estão assegurando carga para funcionamento de filtros que purificam a água contaminada por bactérias em aldeias indígenas, evitando morte de crianças por doenças primárias, mas fatais, como verminose.
Na região, a inexistência de qualquer suprimento de luz elétrica se reflete no índice de mortalidade infantil das populações tradicionais, como acabam de comprovar pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), responsáveis pelo projeto dos filtros movidos a energia solar.
Os dois episódios mostram que o interesse por fontes alternativas chama cada vez mais atenção dos agentes do mercado no Brasil, seja como solução tecnológica renovável de geração ou de atendimento a grupos isolados de regiões inabitadas.
Leilão – Um total de 1.379 projetos, capazes de gerar quase 40 mil megawatts (MW) de energia, foram apresentados ao segundo leilão de energia de reserva feito pelo governo brasileiro, agendado para 13 de novembro deste ano. Deles, 730 são de energia eólica e 649 de energia solar fotovoltaica.
O presidente da estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, disse, ao divulgar os dados na quarta-feira (22), que esse é um recorde nacional que “demonstra o interesse crescente dos investidores por energias renováveis”.
Estados nordestinos foram os que mais atraíram investidores, talvez pelas condições climáticas de maior incidência de luz solar e vento, fundamentais ao bom desempenho das usinas fotovoltaicas e por cataventos.
A Bahia, com 243 projetos de energia eólica e 192 de geração solar, com capacidade para gerar um total de 12.099 MW, liderou a corrida ao leilão. Foi seguido do Rio Grande do Norte (184 eólicos e 97 solares e 7.648 MW), Piauí (89 projetos fotovoltaicos e 46 eólicos, com 4.242 MW) e o Ceará (95 projetos de energia eólica e 34, solar, com 3.224 MW).
O quinto mais procurado foi o Rio Grande do Sul, com 107 projetos exclusivamente eólicos, com 2.365 MW de geração. Minas Gerais (geração de 1.974 MW), São Paulo (1.937 MW), Pernambuco (1.635 MW) e Tocantins (1.148 MW) também se destacaram em projetos fotovoltaicos.
Purificador – Água saudável e descontaminada é o que os purificadores de água compactos do Inpa, movidos a energia solar, estão garantindo a aldeias isoladas da região amazônica. Um painel fotovoltaico carrega a bateria que aciona a luz.
O equipamento elimina mais de 99% de coliformes, fungos e bactérias, utilizando apenas uma lâmpada de luz ultravioleta “C”. Inacessíveis ao sistema interligado nacional (SIN) de energia, 13 desses locais remotos podem agora ter água limpa, como os índios denis, instalados a 25 dias de barco de Manaus, no Alto Rio Juruá.
A lâmpada instalada em um tubo metálico emite um “bombardeio” de luz na água que por ele corre e sai desinfetada. O projeto foi apresentado durante a 67ª reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em São Carlos, como solução para o combate à mortalidade por contaminação microbiológica e verminoses, que afetam mais crianças sem água potável.
A caixa com o purificador pesa apenas 13 quilos e tem custo de R$ 2 mil, incluindo todo o sistema. A lâmpada e a bateria duram cerca de 10 mil horas (três a quatro anos). O purificador filtra 400 litros por hora (cinco mil litros por dia), suficientes para dar de beber e cozinhar para 300 pessoas.
O Inpa pretende expandir a produção do purificador por meio de parceria com uma empresa que trabalha com energias alternativas. Um modelo mais compacto, já batizado de “homem-água”, está em desenvolvimento e caberá numa mochila.
Por Márcio de Morais da Agência PT de Notícias, com informações da Agência Brasil